Grandes streamers não devem adotar AVoD tão cedo

Grandes streamers não devem adotar AVoD tão cedo

Redação
18 mar 22

Depois de um período de boom, não é novidade que alguns streamers estão enfrentando dificuldades, seja financeiras, seja por causa da desaceleração de assinaturas — hoje, aliás, uma das principais (senão a única) fonte de renda das plataformas, o que vem preocupando Wall Street. Não à toa, os serviços estão oferecendo opções de planos mais barato, com a compensação de que os espectadores têm de assistir propagandas  o AVoD.

Há pouco tempo, o Disney+ anunciou que ofertaria um plano nesses moldes a partir do fim deste ano. O movimento deu início a uma discussão: seria esse o futuro dos grandes serviços de streaming? De acordo com matéria publicada na Variety, não. Ao menos não agora. 

Vamos às razões da Disney para apostar no negócio: o Disney+ cresceu menos em 2021 que em 2020, apesar de ter se espalhado por mais territórios no último ano. Foram 26,2 milhões de novos assinantes no ano passado contra 68,4 milhões de novas assinaturas em 2020. Hoje, são 129,8 milhões pelo mundo. 

O número passa longe ser baixo (só perde para Netflix, com 221,8 milhões, e para a Amazon, que tem 175 milhões de assinantes do seu serviço Prime que utilizaram o Prime Video para assistir a alguma obra no ano passado), mas a empresa quer acelerar seu crescimento, pois teve no terceiro trimestre de 2021 seu menor número de novos assinantes desde seu lançamento, em novembro de 2019.

Hoje, os que têm um plano AVoD nos EUA são HBO Max, Hulu, Discovery+ e Paramount+. 

Netflix, Amazon e Apple não têm razões para ofertar AVoD hoje

A Netflix, porém, não planeja seguir por esse caminho. O CFO da companhia, Spencer Neumann, disse com todas as letras que o modelo não está nos planos da empresa, por causa de possíveis problemas causados por questões de privacidade e também por não querer competir com gigantes da propaganda digital como Google, Facebook e Amazon.

A Amazon, por não ter canais de TV como a Disney tem, não está numa missão de provar que está conseguindo transferir os assinantes de seus canais lineares de TV para seu streaming ao contrário da Disney. Provavelmente segundo o autor da matéria, Kevin Fran –, isso também deve-se ao fato de que a Amazon nunca reportou regularmente o número exato de assinantes do Prime Video. Portanto, a pressão dos investidores de Wall Street para que o número de assinantes cresça rapidamente não é tão forte como a que recai sobre o Disney+.

Além disso, a Amazon não parece estar precisando de dinheiro no momento. A empresa tem mais de US$ 42 bilhões em caixa e ainda resta saber os desdobramentos e ganhos financeiros da compra da MGM.

A Apple também não parece ter razões para oferecer um serviço AVoD aos assinantes da Apple TV+. Assim como a Amazon, a companhia não revela o número exato de seus assinantes e não tem necessidade de dinheiro no momento.

Claro que não se pode descartar que, em algum momento, as empresas venham a oferecer um serviço do tipo. Num futuro próximo, porém, não parece factível que as companhias citadas nesta matéria optem por tal modelo.