Referência
no mercado de
cinema no Brasil
Depois do sucesso internacional de seu primeiro longa-metragem, Medianeras – Buenos Aires na era do amor virtual, o diretor e roteirista argentino Gustavo Taretto tem planos de lançar uma refilmagem americana da comédia romântica. A ideia é filmar daqui a cinco ou dez anos, sem depender dos grandes estúdios de Hollywood. “Não é segredo pra ninguém que eu pretendo fazer uma versão de Medianeras em Nova York, e com muita música, claro”, revela, em uma entrevista por telefone. O cineasta está no Brasil para a divulgação de seu segundo filme, a comédia Las insoladas, que estreia dia 13 de agosto, em cerca de 15 cinemas, com distribuição da Imovison.
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Um dos cults argentinos mais famosos dos últimos cinco anos – e um dos poucos não estrelados por Ricardo Darín (O segredo de seus olhos; Relatos selvagens) –, Medianeras chegou ao Brasil em setembro de 2011, onde fez cerca de 86 mil espectadores e quase R$ 1 milhão de renda (aproximadamente R$ 997,5 mil), de acordo com dados do Filme B BoxOffice. O filme também foi vendido para outros 30 países e atualmente está disponível em VOD no mundo todo. Estreante em longas-metragens à época, Taretto disse que a repercussão de Medianeras foi uma grande surpresa.
“Ele vendeu muito bem e todo o tempo havia comentários sobre ele nas redes sociais”, comentou. “A coisa que mais me gratifica é que ele [o filme] perdure no tempo”. Para o cineasta, o motivo de Medianeras ter feito tanto sucesso fora da Argentina está na abrangência global do tema. “É um filme que independe de país, a conexão é com os personagens e com a história, é isso que mantém o filme vivo”.
Curta que vira longa
Em Las insoladas, Gustavo Taretto retoma a fórmula que adotou em Medianeras, de estender um curta-metragem seu para a longa duração. A inspiração veio de seu filme lançado em 2005 com o mesmo título. Coincidência ou não, ele garante que nada foi programado. “Simplesmente aconteceu, eram filmes que eu gostava e me parecia bom transformá-los em um formato distinto”, explicou o diretor, que já está trabalhando em um projeto inédito, ainda em segredo, para o próximo ano.
O filme se passa na Buenos Aires dos anos 90 e acompanha um grupo de seis amigas e companheiras de aula de salsa, que sonham conhecer as praias paradisíacas do Caribe, mas não possuem dinheiro para sair do terraço de um prédio no centro da cidade onde se encontram para tomar sol toda semana.
Política e cotidiano
Sempre atento às questões sócio-culturais de seu país, o diretor considera Las insoladas um filme muito particular. “Ele se passa quase todo na mesma locação, a história é mínima, mas o que pretendo representar é como um sonho acaba virando obsessão”, explicou. “Os anos 90 foram uma época muito representativa para a Argentina, algo excepcional aconteceu: com um peso se comprava um dólar, nossa moeda era forte, mas a isso sobreveio uma grave crise econômica”.
Apesar do pano de fundo político em seus roteiros, questões cotidianas mais simples também são fontes de inspiração para o cineasta. “As ideias [para os meus filmes] vêm de observações que me agradam e me deixem curioso”. No caso de Las insoladas, por exemplo, “sempre me chamou a atenção pessoas que tomam sol e a felicidade dessas pessoas, o que o sol significa para elas”. Ao fim e ao cabo, trata-se de uma questão, definitivamente, solar – no duplo sentido.
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