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Spcine, RioFilme e Projeto Paradiso firmam acordo de desenvolvimento com Hubert Bals Fund em Cannes

Spcine, RioFilme e Projeto Paradiso firmam acordo de desenvolvimento com Hubert Bals Fund em Cannes

Mariane Morisawa, de Cannes
16 mai 25

Imagem destaque

Camilla Canalini / Divulgação

Brasil fecha acordo com Hubert Bals Fund

Ponto crítico do audiovisual, o desenvolvimento de projetos ganha novo incentivo com o HBF+Brasil. É uma iniciativa em parceria com o Hubert Bals Fund, principal fundo internacional para desenvolvimento de longas-metragens, ligado ao Festival Internacional de Cinema de Roterdã, com três organizações brasileiras: a Spcine, a RioFilme e o Projeto Paradiso. A assinatura oficial aconteceu na quinta-feira (15), no Marché du Film em Cannes, onde o Brasil é o país de honra.

Em uma primeira etapa, serão apoiados até nove projetos, com 10 mil euros cada: quatro de São Paulo, quatro do Rio de Janeiro e um nacional, todos com potencial de alcance internacional. As inscrições abrem no segundo semestre de 2025, no site do Festival de Roterdã.

“A estatística mostra que o Brasil é o país em que o Hubert Bals mais investiu”, disse Tamara Tatishvili, diretora do Hubert Bals Fund, em entrevista à Filme B. “Quando assumi esta posição, achei importante ver como o desenvolvimento da indústria estava se dando no Brasil, visitar o país e entender o que estava acontecendo. Como essa parceria era tão longa, era fundamental que essas organizações estivessem representadas na busca de novas maneiras de amplificar projetos do Brasil.” 

Josephine Bourgois, diretora-executiva do Projeto Paradiso, lembrou que, seis anos atrás, no início da instituição filantrópica, foi feito um diagnóstico, ouvindo a indústria, sobre o hiperfoco em produção e o pouco investimento e valorização da fase de desenvolvimento. “Desde muito cedo, o Hubert Bals Fund, com sua história de 35 anos apoiando o desenvolvimento, e por ter uma relação muito consolidada com o Brasil, foi um parceiro evidente”, disse ela à Filme B.

Conversas começaram na Mostra

Com o aumento da demanda do Brasil pelo fundo, foi iniciada uma conversa de coinvestimento do Hubert Bals com parceiros brasileiros, consolidada na vinda de Tatshvili à Mostra Internacional de Cinema. Como Spcine e RioFilme já tinham linhas de desenvolvimento, foram as primeiras a topar a ideia de um piloto desse modelo de coinvestimento. “O Paradiso fez questão de ter um projeto de fora do eixo”, disse Bourgois. “A gente fica feliz de ver acontecer em Cannes. O Brasil é o país de honra e vem em uma toada: ganhou em Veneza, Berlim, Oscar. O Brasil já tem uma potência consolidada, e tem esse olhar do mundo.”

Leonardo Edde, presidente da RioFilme, destacou que o acordo se deu na busca de um desenvolvimento mais qualificado para os projetos brasileiros, para as empresas e para os talentos. “Essa é uma discussão de longos anos: como criar um ecossistema no Brasil que não dependa só dos recursos dos editais”, disse ele à Filme B. “Como faz isso se tornar perene, ou seja, se multiplicar. Uma das iniciativas é esse acordo, que não só traz outros talentos para fazer mentorias, mas também cria talentos brasileiros para se tornarem mentores, para se multiplicar, que é a forma que a gente tem de tornar uma política pública perene.” 

"Começo de algo muito maior"

Para Lyara Oliveira, presidente da Spcine, esse é o início de algo que pode ser muito maior. “Já faz um tempo que a Spcine tem acreditado e investido muito no desenvolvimento de projetos, porque a gente entende a importância de estruturar os projetos audiovisuais para que eles cheguem maduros ao processo de produção. Quando esse processo de produção é bem aplicado, resulta em produtos audiovisuais muito melhores”, afirmou. “É uma ação que também vai mostrar internamente no Brasil que é possível construir esse tipo de parceria. Quem sabe a gente consegue provocar outras gestões, outras cidades para buscar esse tipo de parceria.”