Marina Person visita os anos 80 com Califórnia

Marina Person visita os anos 80 com Califórnia

Gustavo Leitão, de Buenos Aires
04 dez 14

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Divulgação

A estreia de Marina Person em longa-metragens foi com o mergulho no universo familiar de Person, documentário de 2007 sobre seu pai, o diretor de São Paulo S.A. Agora, a filha de Luiz Sérgio Person segue seu caminho próprio no cinema em outro début, desta vez na ficção, com um filme igualmente impregnado de memórias. Em fase de finalização, Califórnia foi exibido pela primeira vez ao mercado no Ventana Sur, em Buenos Aires, nesta quinta, dia 4.

Passado nos anos 1980, o longa acompanha as descobertas de Estela (Clara Gallo), uma adolescente às voltas com o amor, o sexo e os acordes sombrios do The Cure. Enquanto vê despertar sua primeira paixão, por um surfista da escola (Giovanni Gallo), ela sonha com uma viagem para a Califórnia para encontrar o tio ídolo (Caio Blat). Porém, tudo muda quando o personagem de Caio desembarca no Brasil magro e doente e outro pretendente surge no cenário.

O projeto nasceu de um argumento de Marina escrito com três amigas da época de escola - não por acaso, a protagonista do filme tem duas fiéis escudeiras - e mais tarde desenvolvido com os roteiristas Mariana Veríssimo e Francisco Guarnieri.  “É um filme de uma turma, de uma geração, tem várias coisas da minha vida mas também características de outras pessoas incorporadas àqueles personagens”, conta a diretora.

O resultado é uma obra com apelos diferentes. Por um lado, o filme se apresenta como uma espécie de versão feminina de As melhores coisas do mundo, de Laís Bodanzky, focado no espectador jovem. Por outro, ele pretende se comunicar com a nostalgia do público mais velho, que vai embarcar na trilha e nas referências de época, como a fita cassete. “Queremos inserir algumas imagens de arquivo de fatos marcantes do período entre 1982 e 1984, como a Copa e as Diretas Já”, adianta o produtor Gustavo Rosa de Moura, da Mira Filmes. 

Grande parte da história se passa na escola onde Estela estuda, que teve como locação o Colégio Santa Cruz, em São Paulo. A produção teve que trabalhar com um cronograma apertado, filmando no Carnaval para não atrapalhar as aulas. Escolhido através de testes, o elenco jovem é todo de estreantes, com exceção de Caio Horowicz, da série Família Imperial. Virgina Cavendish e Paulo Miklos fazem os pais da garota.

Até agora, a produção custou cerca de R$ 900 mil, vindos principalmente do Edital de Fomento ao Cinema Paulista. “O filme tem DNA mais independente, com a liberdade do baixo orçamento. Mas não queremos pensar na carreira dele só em festivais e mutilar o filme para se enquadrar nessa proposta”, diz Gustavo, que ainda pretende fazer ajustes na montagem da versão apresentada no Primer Corte, seção do Ventana dedicada aos filmes em pós-produção.

A distribuição será da Vitrine Filmes, ainda sem data definida. Antes que o filme chegue ao circuito, ainda precisa completar os recursos de pós, que incluem correção de cor, mixagem e os custos elevados dos direitos sobre as 22 músicas da trilha sonora, com bandas da época como The Smiths, Metrô e Titãs. Além dos possíveis prêmios do Premier Corte, que serão divulgados nesta sexta, dia 5, os realizadores estão de dedos cruzados para o edital de finalização do BNDES, no qual o filme é um dos dois finalistas.