Em março deste ano, logo após a Netflix anunciar a aquisição do longa Beasts of no nation, de Cary Fukunaga (True detective), como o seu primeiro grande filme para cinema, alguns dos principais exibidores americanos, como AMC, Regal e Carmike, indicaram o boicote à estreia, já que esta viria associada à disponibilização simultânea do conteúdo em VOD no site da Netflix. Contrariando as expectativasa Netflix revelou na última quinta a parceria com a distribuidora Bleecker Street e a cadeia de cinemas Landmark, para o lançamento da produção nos cinemas simultaneamente ao lançamento no serviço de streaming. Beasts of no nation será exibido em 19 dos 50 estados dos EUA, a partir de 16 de outubro – em tempo de entrar na corrida ao Oscar.

A Landmark é uma exibidora de médio porte nos EUA, com 48 complexos e 223 salas em 21 estados dos EUA. É conhecida por uma forte programação de filmes independentes e autorais.

Beasts of no nation também já está confirmado na programação dos festivais de Veneza e Toronto, que acontecem no mês de setembro. A Netflix tem trabalhado duro para que Beasts seja levado a sério durante a temporada de premiações  e para mostrar a possíveis colaboradores que seus filmes não serão simplesmente lançados no catálogo da plataforma junto com outros títulos. A empresa está investindo em outras produções de peso, como o drama War machine, de David Michod, que terá Brad Pitt no papel principal; e a adaptação do livro First they killed my father, dirigida por Angelina Jolie.

A polêmica de janelas reacendida pela Netflix será útil para analisar o comportamento de bilheteria de filmes em que o público poderá optar entre assisti-los em um cinema ou em casa. Essa discussão deve levar à rediscussão dos padrões de lançamento em salas. Se a experiência der certo, os exibidores terão que considerar o Netflix como uma alternativa viável para filmes de autor de nicho mais específico, já que esse tipo de filme geralmente abre em circuitos limitados de cinemas de arte.

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Beasts of no nation é baseado no romance do escritor Uzodinma Iweala e conta a história de um guerrilheiro nigeriano e seu soldado-mirim durante a Guerra Civil do país. Os direitos do filme foram comprados por US$ 12 milhões, o dobro de seu orçamento (US$ 6 milhões). Abraham Attah interpreta o garoto, enquanto Idris Elba (Thor; Vingadores – Era de Ultron) assume o papel do comandante, que ensina à criança como matar.