Netflix reacende polêmica de janelas

Netflix reacende polêmica de janelas

Redação
04 mar 15

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A Netflix entrou em mais uma polêmica de janelas nos Estados Unidos por conta de um novo lançamento simultâneo com os cinemas, desta vez o longa Beasts of no nation, do diretor Cary Fukunaga (True detective). O filme foi a mais recente aquisição rumososa do serviço de vod, um drama sobre um guerrilheiro africano e seu soldado mirim que pode ser a primeira aposta da empresa para as categorias principais da próxima temporada de prêmios de Hollywood.

Os direitos do filme foram comprados por US$ 12 milhões, o dobro de seu orçamento de US$ 6 milhões, para a exibição em “cinemas selecionados” ao mesmo tempo em que o título chega ao catálogo da Netflix. Filmado em Gana, o longa tem Idris Elba com protagonista, num papel que o diretor de conteúdo da companhia, Ted Sarandos, chamou de “definidor de carreira”.

Como aconteceu com a continuação de O tigre e o dragão, que terá lançamento theatrical em parceria com a Weinstein Company simultâneo ao vod, grandes exibidores americanos como AMC, Regal e Carmike já anunciaram o boicote à estreia. O que pode não fazer grande diferença na estratégia, uma vez que a Netflix já conta com o apoio de cadeias de nicho, seu foco neste caso, e um de seus principais objetivos, segundo fontes do mercado, seria habilitar Beasts of no nation para indicações aos prêmios da indústria.

A histórica barreira das janelas tem recebido novas saraivadas desde a multiplicação de plataformas trazidas pelo digital. Redes mais tradicionais, como a AMC, ainda se mantêm resistentes a quebrar o acordo de cavalheiros que estabelece 90 dias de intervalo do lançamento theatrical. Já novatas como a Alamo Drafthouse, com 19 cinemas em território americano, conhecida pelas estratégias arrojadas e pela integração com novas mídias, pensam diferente.

“Não me vejo como competidor da Netflix”, disse à Variety o CEO da cadeia, Tim League. “Vejo muitos filmes em casa, mas chega uma hora em que quero sair para a rua. Percebo os cinemas como uma das opções que competem com restaurantes ou partidas de beisebol e essas coisas que não posso fazer na minha sala”, completou.

Ainda vistos como concorrentes potencialmente nocivos à estrutura tradicional de distribuição do cinema e TV, serviços de video on demand aos poucos têm conquistado mais espaço via prêmios de prestígio. Transparent, produzida pela Amazon, levou a estatueta de melhor série de comédia ou musical no último Globo de Ouro, tendo como concorrente Orange is the new black, da Netflix. No Oscar, a participação desses serviços até agora ficou restrita à categoria de documentário.