Sony destaca-se entre majors em ano de recuperação

Sony destaca-se entre majors em ano de recuperação

Redação
25 fev 22

Após o péssimo ano de 2020, os estúdios aos poucos vão se recuperando. Nem todos da mesma forma. Enquanto uns tiveram lucro, para outros houve prejuízo, uma vez que precisaram investir alto em reorganização. Já as receitas, apesar de serem melhores que as de 2020, na maioria dos casos não foram tão altas como num ano pré-pandêmico. Uma análise do The Hollywood Reporter esmiúça os investimentos, receitas e lucros. 

Vale notar que a comparação entre os estúdios não é simples. A Netflix se baseia em assinaturas, que os gigantes do entretenimento costumam contabilizar fora de sua divisão de filmes. Além disso, a Sony inclui redes de TV nas contas, a Disney contabiliza as transmissões, e por aí vai. É importante notar também que a Disney e a Sony têm um ano fiscal diferente do ano civil (o ano do calendário), e seus executivos manejam seus negócios com base no ano fiscal. 

Sony

O maior crescimento de lucro – 90% – foi da Sony. A companhia teve US$ 10,2 bilhões de receita (+24%) e um lucro de US$ 1,8 bilhão. Sua receita proveniente das bilheterias, por sua vez, subiu 120%, chegando a US$ 1,1 bilhão, devido, principalmente, ao espetacular desempenho de Homem-Aranha - Sem volta para casa. As receitas relacionadas a filmes no streaming foram de US$ 1,2 bilhão, e as receitas de TV cresceram 27%, atingindo US$ 2,7 bilhões, impulsionadas pelo acordo de licenciamento com a Netflix, que adquiriu os direitos da série Seinfeld. O segmento de canais de TV cresceu 29% para registrar US$ 2,6 bilhões. 

Netflix

Se a Sony teve o maior aumento no lucro, a Netflix teve, outra vez, o maior lucro absoluto. Foram US$ 6,2 bilhões no ano (+35%) e receita de US$ 29,7 bilhões (+19%). A empresa fechou 2021 com 221,8 milhões de usuários no planeta, adicionando 18 milhões de novos assinantes no período. Em 2020, ano crítico da pandemia, o crescimento da base foi de 37 milhões. No ano passado, a empresa investiu US$ 17 bilhões em conteúdo, contra US$ 11,8 bilhões em 2020. O plano para o futuro, segundo Ted Sarandos, é continuar o investimento em grandes filmes.

Paramount

O segundo maior crescimento de lucro do ano foi da Paramount. A empresa cresceu 71% no quesito, lucrando US$ 368 milhões. Sua receita, por sua vez, foi de US$ 3,1 bilhões. O estúdio seguiu o caminho de crescimento iniciado em 2020, primeiro ano da fusão com a ViacomCBS, se aproveitando da queda em suas despesas (-15%), que fecharam o ano em US$ 2,7 bilhões. As bilheterias renderam apenas US$ 241 milhões à empresa, que cresceu 34% mesmo assim, já que sofreu bastante em 2020 devido à pandemia. Em 15 de fevereiro, a ViacomCBS reposicionou sua marca, assumindo o nome Paramount.

WarnerMedia

O setor de TV, cinema e licenciamento de videogame da empresa cresceu 23%, impulsionado por um crescimento de 30% de produtos de TV, que arrecadaram US$ 8 bilhões. As bilheterias em cinema subiram 19%, atingindo US$ 5,24 bilhões com as ajudas de luxo de Godzilla vs Kong e Duna. O número de títulos lançados passou de 5, em 2020, para 17, em 2021. A AT&T não reporta seus lucros, mas, de acordo com cálculo do THR, que subtraiu as despesas (US$ 10,7 bilhões, 30% a mais que 2020) da receita (US$ 15 bilhões), o lucro foi de US$ 4,3 bilhões (+10%). Os investimentos da companhia cresceram 66% em marketing em 2021, registrando US$ 1,47 bilhão, enquanto as despesas do setor de filmes e produção para TV também subiram (30%), marcando US$ 8,42 bilhões.

NBCUniversal

Na empresa, a produção de filmes, TV e a distribuição fazem parte do mesmo segmento. As receitas atingiram US$ 9,4 bilhões, com um crescimento de 16% impulsionado por um acréscimo de 15% em licenciamento e 65% em bilheteria theatrical, que registrou US$ 691 milhões, capitaneada por Velozes e Furiosos 9 (mais de US$ 725 milhões globais). As receitas de home entertainment subiram 3%, apesar do aumento de 21% nas despesas de operação (US$ 8,6 bilhões), sendo US$ 6,8 bilhões desse valor apenas para gastos com programação e expansão da produção e US$ 1,08 bilhão em marketing.

Disney 

Depois da reorganização para enfrentar a era do streaming, analistas veem o setor de “venda de conteúdo/licenciamento e outros” da Disney Media Entertainment como o que mais se aproxima do que se chamava antigamente do segmento dos estúdios Disney. Nele, entram as vendas de filmes e conteúdos de TV/SVOD e mercado de home entertainment, além do lançamento de filmes no cinema. As assinaturas do Disney+, porém, não entram nesta conta. O ano do calendário de 2021 (ver segundo parágrafo), de acordo com os cálculos do THR, gerou um lucro de US$ 281 milhões (-50%), com uma queda que pode ser explicada pelo aumento das despesas com marketing cinematográfico e receitas menores (-8%). As bilheterias de cinema aumentaram 87,3%, mesmo com o lançamento simultâneo de títulos como Viúva Negra. Shang-Chi e a lenda dos dez anéis foi o filme da empresa que teve a maior renda do período (US$ 432 milhões). “Com menos lançamentos theatrical e atrasos de produção, limitou-se a disponibilidade de filmes para serem vendidos em janelas posteriores a seu lançamento nos cinemas”, disse a própria Disney em um relatório. A receita de home entertainment caiu 33,1%, e a do setor de distribuição de TV/SVOD também caiu (6,2%).