Pode-se limitar o tamanho de um lançamento?

Pode-se limitar o tamanho de um lançamento?

Paulo Sérgio Almeida
24 nov 14

Depois de alguns meses de consultas públicas e de várias reuniões com exibidores, distribuidores independentes e produtores, a partir da reunião desta semana quarta-feira, dia 26, que acredita-se ser conclusiva, o mercado de cinema no Brasil vai passar para uma nova fase. Tudo dependerá do que for deliberado pela Ancine após ouvir o máximo de pessoas do setor e consultar as leis de regulações de outros países, principalmente da França, que é o berço da regulação cinematográfica no mundo.

Algumas pessoas acham que virão leis severas que limitarão as ambições daqueles que acreditam que o mercado tem que ser sempre estimulado para cima, principalmente quando ele está reagindo favoravelmente. A citação clássica que se ouve é “o recorde existe para ser batido”.  Outros, com  pareceres de advogados, esperam  que as medidas estejam apoiadas na força da lei, senão poderão voltar as brigas judiciais de antigamente.

Mas a maioria torce por um equilíbrio da Ancine, reivindicando que o mercado possa se autorregular para evitar o confronto, que nos lembra o contencioso entre mercado e governo.

Na realidade, o parque exibidor vem se expandindo bastante nos últimos tempos, com o aumento progressivo de aberturas de salas, mas vem se mantendo dentro de uma média de 700 cinemas, ou seja, os mesmos chamados “pontos cinematográficos”, enquanto outros  fecham suas portas. Isto faz com que a escala dos lançamentos cresça apenas nos próprios complexos, ou seja, no número de salas em que o blockbuster é exibido, o que provoca um ambiente de ocupação desconfortável para os filmes concorrentes, segundo os que argumentam pela regulação.

Para a Ancine o número sem controle de salas exibindo o mesmo filme seria uma distorção predatória do mercado que deverá que ser corrigida. Mas qual seria esse tamanho?

O que acirrou tudo isso foi a Copa do Mundo, que obrigou as distribuidoras majors a antecipar seus lançamentos para não disputarem com os jogos, ainda mais temendo-se o sucesso do time brasileiro, o que acabou não acontecendo. Mas o que parecia ser uma solução de emergência deu resultados, e, quando isto acontece, há o risco de criar-se uma nova regra. E por que não?

É isto que a Ancine diz querer evitar, pois 2015 está repleta de títulos fortes. Será que o mercado vai acalmar ou é melhor agir antes?