“O tempo de resistência à cultura acabou”, afirma Mercadante, presidente do BNDES

“O tempo de resistência à cultura acabou”, afirma Mercadante, presidente do BNDES

Beatriz Filippo
31 ago 23

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“O tempo de resistência à cultura acabou.” A fala de Aloizio Mercadante durante a abertura do Seminário BNDES do Audiovisual Brasileiro, realizado na última quarta-feira, 30, ecoou nas discussões do evento, marcado por um clima de inspiração e renovação da indústria audiovisual brasileira. Algo que não se via nos anos de governo Bolsonaro  quando o setor se concentrava em reivindicar seus direitos mais básicos.

“Foi destruída a política do audiovisual no BNDES. Não tinha mais política de patrocínio, nem equipe ou orçamento. Parte disso foi uma política construída para destruir um banco público, e esse tempo do BNDES acabou”, afirmou Mercadante, presidente do órgão. 

O banco reforçou seu compromisso com a indústria audiovisual ao prometer meio bilhão de reais em crédito para o audiovisual "o mais rapidamente possível" e ao se disponibilizar em ouvir e articular todos os elos do setor. Para iniciar esse novo momento, o seminário contou com representantes da produção, distribuição e exibição, além de autoridades que enxergam a força do audiovisual brasileiro e que lutam para que este atinja o seu potencial máximo, como os homenageados Fernanda Montenegro e Luiz Carlos Barreto.

Discursos inspiradores e necessidade de diálogo interno se destacam no evento

“A história do cinema brasileiro se dividirá entre antes e depois do BNDES, porque tudo de bom que funciona no Brasil nasceu dentro desta casa”, declarou Barreto. Fernanda reverberou: “o atendimento à cultura do nosso país está sendo trazido de volta com o respeito que essa área merece: como arte e atendimento social.”

Os discursos contaram ainda com falas da ministra Margareth Menezes, que afirmou estar trabalhando com a Secretaria do Audiovisual e a Ancine para melhorar os financiamentos à indústria, e do ator e diretor Lázaro Ramos, que reivindicou a necessidade de exigir direitos para o setor "sem se desculpar por isso".

Esses foram apenas os momentos iniciais do seminário, que se estendeu — e merecia se estender por pelo menos mais um dia — por quatro mesas que trataram de temas cruciais para a retomada da política audiovisual brasileira: fomento, infraestrutura, perspectivas para o novo ciclo e articulações necessárias ao setor. Os assuntos revelaram ter um ponto de convergência que será imprescindível para a indústria nos próximos meses: o diálogo interno para que se encontrem soluções que beneficiem o maior número possível de envolvidos dentro da cadeia de produção.

O Seminário BNDES do Audiovisual Brasileiro fez história ao mostrar o novo clima do setor e ao reunir a indústria em um evento de tamanha troca. Apesar da grande audiência da transmissão online do evento, via Youtube, presencialmente foi possível notar algumas ausências, que poderiam trazer importantes contribuições para as conversas. 

A Filme B trará nos próximos dias um panorama mais detalhado das mesas e dos temas abordados durante o Seminário BNDES do Audiovisual Brasileiro.