Netflix dá e tira de Hollywood

Netflix dá e tira de Hollywood

Redação
13 jan 21

A Netflix vem com tudo para 2021. Entre produções locais com nomes consagrados, vencedores do Oscar e campeões de bilheteria, a plataforma preparou uma cartela recheada de grandes produções. Outra novidade é que, a partir deste ano, haverá um comprometimento de lançar um filme por semana. Possivelmente, trata-se de uma tentativa da empresa de criar um hábito nos espectadores semelhante ao que já ocorre com o cinema, em que, a cada semana, espera-se por lançamentos novos. 

O line-up da empresa (veja abaixo) revela alguns pontos interessantes sobre a situação atual do mercado, conforme indica uma análise do New York Times. O principal é a rapidez com que a Netflix se aproveitou da crise da Covid-19. Quando percebeu que os cinemas ficariam fechados por muito tempo, comprou longas em festivais de cinemas e adquiriu direitos sobre obras cujos lançamentos foram suspensos pela pandemia.

Três frentes de investimento

A varidade de títulos também mostra que a gigante do streaming aposta em três frentes: a de filmes de prestígio, com potencial para ganhar prêmios; outra voltada ao público adolescente, por meio de produções como a sequência de Para todos os garotos que já amei e de A barraca do beijo; e a de blockbusters.

Não pode com o inimigo? Junte-se a ele

Tida como uma das maiores ameaças à indústria cinematográfica, a Netflix acabou ajudando o setor, de uma certa forma. Ao comprar longas exibidos em festivais pelo mundo, a empresa garantiu algum retorno financeiro mais veloz às distribuidoras do que se esperassem por um momento propício para lançarem seus títulos no cinema. É o caso de Concrete Cowboy, faroeste estrelado por Idris Elba; Bruised, primeiro filme dirigido por Halle Berry – que também protagoniza o longa –, cujos direitos foram adquiridos pela Netflix no Festival de Toronto por US$ 20 milhões; e I care a lot, com Rosamund Pike.

A empresa também comprou direitos de filmes de majors como Disney (Woman in the window), sobre uma psicóloga que sofre de agorafobia) e Sony (a animação Wish dragon, produzida por Jackie Chan e ambientada em Xangai).

Produção original nacional também está na lista

Já no dia 15 de janeiro, chega a produção original Pai em dobro, comédia que é o primeiro longa protagonizado por Maisa Silva desde que a atriz assinou contrato com a empresa. Ou seja: além de medir forças com Hollywood, a Netflix chega querendo abocanhar também sua fatia do público de filmes nacionais. 

Divulgação / Netflix
Pai em dobro

A empresa lançou um vídeo em suas redes sociais com nomes como Gal Gadot, Ryan Reynolds e Dwayne Johnson em que destaca os principais títulos internacionais para o ano que se inicia. Dentre eles, estão The Harder they fall, outro filme de faroeste com Idris Elba e Zazie Beetz (indicada ao Emmy por sua atuação na série Atlanta) e Thunder Force, comédia de super-heroínas com Melissa McCarthy e Octavia Spencer.

Roteirista e estrela do musical Hamilton, outro a ter sua estreia como diretor lançada na plataforma, a exemplo de Halle Berry, será Lin-Manuel Miranda. Tick, Tick...Boom! gira em torno de um aspirante a escritor de teatro que trabalha como garçom em Nova York enquanto vê seu amigo desistindo de seu sonho para aceitar um emprego de publicidade bem remunerado. Chris Hemsworth também aparece no vídeo lançado pela companhia, divulgando Escape from spiderhead, do mesmo diretor de Top Gun - Maverick.

E ainda não acabou: chegam também O dia do sim, comédia estrelada por Jennifer Garner e Edgar Ramirez; Sweet Girl, com Jason Momoa como um marido que busca justiça após a morte de sua esposa; Army of the dead, filme de ação dirigido por Zack Snyder; Don’t look up, com Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Timothée Chalamet, Ariana Grande e Cate Blanchett, dentre muitos outros.

Relação com cinemas se estreita

No passado, a Netflix já tentou exibir nos cinemas filmes como O irlandês, de Martin Scorsese. Mas muitas redes rejeitaram a proposta, alegando que a empresa desrespeitava a janela theatrical. Mas, com a pandemia, tudo mudou. Os próprios cinemas toparam fechar acordos com majors, como Universal, para encurtar o período entre a estreia nas telonas e nas plataformas digitais. O exemplo mais emblemático foi a decisão da Warner de lançar seu line-up simultaneamente nas salas e na HBO Max, nos EUA.

Diante desta nova realidade, a Netflix pretende voltar a conversar com os exibidores. Aqui no Brasil, a ficção científica O céu da meia-noite, dirigida e estrelada por George Clooney, foi exibida nas salas recentemente.

Scott Stuber, presidente da divisão de filmes da Netflix, diz que as negociações com as redes devem voltar a acontecer "depois da pandemia", quando conceitos tradicionais como a janela theatrical podem, segundo ele, sofrer modificações permanentes.