A volta ao Brasil do diretor Afonso Poyart

A volta ao Brasil do diretor Afonso Poyart

Thiago Stivaletti
13 jun 16

Imagem destaque

Divulgação

O diretor Afonso Poyart dirige José Loreto em Mais forte que o mundo

Afonso Poyart está com um frio na barriga. Depois de alguns adiamentos, estreua no dia 23 Mais forte que o mundo – A história de José Aldo, primeira grande incursão do cinema brasileiro no universo do MMA, inspirada na vida de um dos maiores ídolos da categoria. O longa será lançado em cerca de 600 salas, com distribuição da Downtown/Paris.

A cinebiografia do lutador José Aldo tomou dez meses de trabalho, incluindo 50 dias de filmagem e seis meses de finalização – “mais por conta da montagem detalhada do que pela inserção de efeitos especiais”, segundo o diretor. É o que Poyart define como “um filme grande com poucos recursos” – um total de R$ 6,4 milhões, obtidos através do Artigo 3º com GloboFilmes, a UFC (organização internacional que produz os eventos de MMA pelo mundo), o Canal Combate e a distribuidora Universal. Houve ainda aporte do Fundo Setorial e de dois investidores privados através do Artigo 1A, a farmacêutica MS e a Netshoes. Um orçamento que foi mais que o dobro do seu primeiro longa, o thriller de ação Dois coelhos, feito com R$ 3 milhões.

Para as cenas do ringue, Poyart pensou em chamar um especialista americano para colaborar nas cenas – ele considerou chamar um célebre dublê que trabalhou em De volta ao jogo (John Wick), com Keanu Reeves. Mas, até por restrições de orçamento, fechou com Renan da Silva, dublê brasileiro que tinha um trabalho com coreografia de lutas. Foram três meses de treino com os atores (José Loreto, Rômulo Neto) e a consultoria de lutadores de MMA para tornar as cenas mais verossímeis.

Bateau Mouche e Doutrinador

Com Mais forte que o mundo, Poyart pôde voltar a ter mais controle criativo depois da experiência em Hollywood com o thriller Presságios de um crime, com Anthony Hopkins e Colin Farrell. Este último foi rodado em apertados 30 dias com um orçamento de US$ 28 milhões, pequeno para um filme do gênero. “Entendi que o cinema americano gasta o dinheiro de um modo que não é revertido para o que se vê na tela, e sim para um maior conforto do elenco e da equipe. Se pudesse, eu usaria o dinheiro de um modo mais efetivo”, diz.

Para o futuro, Poyart começa a desenvolver dois projetos, sem saber ainda qual deve sair do papel primeiro: um filme sobre a tragédia do Bateau Mouche, que culminou com 55 mortos na Baía de Guanabara no réveillon de 1989 (“me interessa esse encontro de pessoas tão diferentes num mesmo local, numa única noite que termina em catástrofe”, comenta), e um novo projeto americano para a Sony, sobre o qual não revela detalhes. E um outro projeto está no horizonte: a adaptação para as telas dos quadrinhos do Doutrinador, de Luciano Cunha, sobre um ex-soldado que decide atuar como justiceiro e matar os políticos corruptos de Brasília.