Sérgio Sá Leitão anuncia exoneração

Sérgio Sá Leitão anuncia exoneração

Redação
14 jan 15

O secretário municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Sérgio Sá Leitão, anunciou nas redes sociais o desligamento de suas funções na prefeitura, que incluem ainda a presidência da RioFilme. No post de despedida, ele conta que o pedido de exoneração veio depois de uma longa conversa com o prefeito Eduardo Paes, mas não explicita as razões do afastamento. Responsável pela ampliação dos investimentos da empresa municipal nos seis anos em que esteve à frente da RioFilme, ele passou a assumir também a função de secretário há dois anos. Sá Leitão revela em seu depoimento que sai da administração pública para voltar à iniciativa privada. Confira a íntegra do texto:

 

Amigos & Amigas,

Após um longo processo de reflexão, tomei a decisão de sair da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro e da RioFilme.

Estive recentemente com o prefeito Eduardo Paes e expus a ele as minhas razões. Foi uma conversa intensa, carregada de emoção, mas também alegre e produtiva, como foram os seis anos em que estive à frente da RioFilme e os dois em que comandei a SMC-Rio. Ele foi generoso e compreensivo. Entendeu os motivos que apresentei, acolheu o pedido de exoneração e me convidou a seguir colaborando, de outro modo, com o seu governo. Claro que aceitei.

Sou profundamente grato a ele pela oportunidade de participar de sua gestão, pelo apoio constante que recebi no desempenho das duas funções e sobretudo pela convívio, pelo aprendizado, pela parceria. Sou um admirador de sua visão, de sua capacidade de trabalho e de sua dedicação ao Rio e aos cariocas.

A cultura jamais teve tanto espaço (e tantos recursos) em uma administração municipal brasileira. De fato, nos últimos anos o Rio se tornou a cidade que mais investe em cultura no Brasil, e o terceiro maior investidor público do país nesta área. Refiro-me não só ao investimento e aos resultados da RioFilme e da SMC-Rio, mas também ao que foi feito pelo Planetário, pela Cidade das Artes, pela Secretaria de Turismo, pela RioTur, pela Secretaria de Educação, pela Secretaria de Ciência e Tecnologia, pelo Instituto Eixo Rio, pelo Comitê Rio 450 e outros órgãos.

Mais do que palavras, são as ações que definem as pessoas; e as ações de Eduardo Paes revelam uma compreensão plena da relevância social e econômica da cultura e do papel estratégico da produção cultural no desenvolvimento da cidade e do país. Tenho certeza de que a cultura sempre terá nele um entusiasta.

Foram seis anos de muito trabalho e empenho, e também de muitas vitórias e realizações. Saio com a sensação do dever cumprido. Posso afirmar a vocês que a RioFilme e a SMC-Rio estão melhores hoje do que quando entrei pela primeira vez nas Casas Casadas e no Centro Administrativo São Sebastião.

Na SMC, saltamos de 321 projetos apoiados em 2012 para 625 em 2014; de 17.529 ações culturais realizadas em 2013 para 25.409 em 2014; de 1,7 milhão de cidadãos beneficiados em 2012 para 2,4 milhões em 2014; de R$ 182 milhões executados em 2012 para R$ 219 milhões em 2013 e R$ 193 milhões em 2014. Em 2013, chegamos ao patamar de 1,17% do orçamento da Prefeitura, somando SMC-Rio, RioFilme e Planetário (sem contar obras).

Realizamos o programa Cultura Viva no Rio, com 50 pontos de cultura, 16 pontos de leitura, 5 pontões de cultura e 85 projetos de ações locais. Implementamos a nova Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Recuperamos diversos espaços culturais, inauguramos o MAR e estruturamos e ampliamos o fomento direto, entre outros avanços.

Na RioFilme, investimos entre 2009 e 2014 cerca de R$ 185 milhões em 484 projetos de filmes, séries de TV, conteúdo para web, transmídia, festivais, cinemas populares, infraestrutura e capacitação. E mais R$ 18,5 milhões em outros 42 projetos, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. Mais recursos, mais projetos e mais empresas e profissionais beneficiados do que nos 16 anos anteriores.

Procuramos aumentar o grau de motivação e de qualificação da equipe, ampliar o alcance social e geográfico da atuação, estabelecer um diálogo com o setor e a população, reduzir o passivo legal e administrativo e elevar a eficiência e a eficácia da SMC-Rio e da RioFilme, sempre com rigor, seriedade e zelo pela res publica. Procuramos também respeitar a ideia de que a cultura pertence ao campo da sociedade civil, e que o papel do estado é fomentar, estimular e proteger.

Usei o plural nos parágrafos anteriores porque o histórico de realizações que mencionei foi construído não apenas por mim, mas por um time, por um conjunto de profissionais sérios, capazes e dedicados, que vestiu a camisa e foi à luta, a despeito das adversidades. Servidores, colaboradores, parceiros. Muito obrigado a vocês por compartilhar esta aventura comigo!

Muito obrigado também à equipe da Prefeitura, aos meus colegas secretários, e a todos os que de alguma forma participaram e ajudaram ao longo desses seis anos. Espero sinceramente ter contribuído para o fortalecimento da RioFilme e da SMC-Rio e para o desenvolvimento da cultura carioca.

Já fiz muitas coisas, em termos pessoais e profissionais, e por isso mesmo posso dizer com segurança: foram os melhores anos da minha vida.

Acabo de completar 12 anos de trabalho contínuo em administração pública. Sempre na, com a e para a cultura. Ministério da Cultura, BNDES, Ancine, RioFilme e SMC-Rio. Agora vou descansar um pouco, reabastecer a mente e o espírito e tratar do futuro. Voltarei à iniciativa privada para um novo ciclo. Há muito por fazer!

Estarei torcendo pela continuidade e pela ampliação do trabalho desenvolvido. E desejo sorte e sucesso aos meus sucessores. O Rio está passando por um vasto e complexo processo de transformação. Foi ótimo vivenciar isso na Prefeitura, como servidor público. E será ótimo vivenciar fora, como cidadão.

Que a Força esteja conosco! Ad astra et ultra!