Safadi vai dirigir épico sobre deusa Lilith

Safadi vai dirigir épico sobre deusa Lilith

Thayz Guimarães, de Recife*
04 mai 16

Imagem destaque

Divulgação

Nizo Neto em cena de O prefeito

Diretor carioca com oito longas-metragens no currículo, entre eles Éden e O uivo da gaita, Bruno Safadi tem se dedicado há quase três anos ao seu projeto mais audacioso: Lilith, um épico experimental e contemporâneo sobre o mito da deusa, considerada por algumas religiões e cultos como a primeira esposa de Adão, antecessora de Eva. Orçado em R$ 2,7 milhões – o mais caro de sua carreira -, o longa foi selecionado em dois editais e está em fase de desenvolvimento de roteiro, que leva a assinatura do diretor e de Fábio Andrade. No elenco, a atriz portuguesa Maria de Medeiros (Henry & June) vive a protagonista da história.

Ao Filme B, em Recife, durante o Cine PE, Safadi contou que o filme começa no período judaico, com um Adão deprimido, solitário, que implora a Deus por uma companheira. Depois de tentar demovê-lo desta ideia, Deus envia Lilith, uma mulher que se mostrará revolucionária e insubmissa aos valores patriarcais. Sua principal peleja é com o sexo. Ela não aceita estar em posição inferior, literalmente embaixo de Adão. Lilith então foge e Adão recebe como nova companheira, criada a partir de sua própria costela, Eva, “uma espécie de duplo de Lilith, porém, submissa”, explica o diretor. É justamente no momento da fuga da personagem que há o corte de roteiro e a história passa para os tempos atuais.

Escolhido pelos editais do Fundo Setorial e do programa Ibermedia, o projeto teve seu roteiro gestado na Holanda. “O filme me deu a honra de ser selecionado para o Binger Filmlab, que é um laboratório bastante seleto. São, em média, oito ou nove projetos por vez. Tive a oportunidade de ficar seis meses lá trabalhando", diz o diretor, bastante confiante em relação ao projeto. "Acho que o roteiro já está bem amarradinho”.

Além de Lilith, o diretor de O prefeito, filme selecionado exibido nesta semana no Cine PE, também tem guardados outros dois projetos: Operação Sônia Silk 2, que retomará a empreitada de uma trilogia em homenagem à obra de Júlio Bressane e Rogério Sganzerla; e outro mais experimental chamado Histórias de um vagalume. Este dialoga com o livro Sobrevivência dos vagalumes, no qual Georges Didi-Huberman parte do famoso artigo Vaga-Lumes (1975), de Pier Paolo Pasolini, para defender a sobrevivência da experiência da imagem; e com os discursos de Hurlements en faveur de Sade, média-metragem dirigido pelo pensador francês Guy Debord. A toda esta discussão teórica, Safadi ainda sobrepõe o carnaval do Rio de Janeiro. Histórias de um vagalume está em finalização e previsto para estrear este ano. 

* A repórter viajou a convite da organização do festival