Record investe em conteúdo independente

Record investe em conteúdo independente

Thiago Stivaletti
01 out 15

Imagem destaque

Divulgação

Cena da novela Os dez mandamentos, da Record

Com um novo slogan, “Uma TV aberta para o novo”, a Record pretende aumentar consideravelmente nos próximos anos seu investimento em conteúdo terceirizado, comprando séries e programas prontos de produtoras independentes, além de promover coproduções e parcerias com canais de TV paga.

Foi o que anunciou na última quarta o diretor de aquisições da emissora, Hiran Silveira, no primeiro seminário do Rio Market. “Estamos revendo nossas estratégias e buscando o que o mercado tem a nos oferecer, reservando verbas de desenvolvimento de conteúdo para ser usada em parcerias”, contou.

Para 2016, a Record já encomendou quatro séries a produtoras independentes. Com o sucesso da novela Os dez mandamentos, maior sucesso da emissora desde 2004, o próximo passo é a abertura de um segundo horário para novelas. A ser produzida no ano que vem, Josué e a Terra Prometida, continuação da novela agora no ar, já deve ter sua produção terceirizada, o que vem aumentando o rumor de demissões em massa nos corredores do canal.

Hiran relativizou a importância das pesquisas qualitativas na elaboração das novelas, séries e programas da Record. “Já fizemos projetos totalmente direcionados por pesquisas que não vingaram, e outros sem pesquisa que foram muito bem”, contou. Como as outras grandes emissoras, a Record investe atualmente na expansão de suas plataformas online, mas sem resultados visíveis. “Mas não sentimos ainda uma relação direta entre os esforços de integração entre as mídias e a audiência”.

A TV como nuvem

Outro palestrante, Caio Carvalho, diretor executivo do Canal Arte 1, dedicado a arte e cultura, lembrou que, hoje em dia, um programa de sucesso é aquele disponível em várias plataformas. “A TV do futuro é uma nuvem de conteúdos televisuais. Minha meta é incluir o Arte1 em todas as smarTVs”, afirmou. Por ser considerado pela Ancine um canal de conteúdo qualificado, o canal está presente hoje em todas as operadoras de TV paga, o que fez crescer seu faturamento.

Caio apresentou uma série de dados sobre o consumo de mídias no Brasil hoje: a TV ainda é responsável por 73% do consumo total de mídia no país, ficando a internet com os outros 37%. Hoje, o brasileiro passa em média quatro horas e meia por dia na internet. Apenas 28% da população tem TV por assinatura, mas a audiência dos canais pagos cresceu 135% nos últimos cinco anos. “Cada vez mais, a TV aberta deve monitorar e interpretar os movimentos da TV por assinatura”, disse o executivo.

Puro entretenimento

Marcelo Braga, diretor-geral da Endemol Shine Brasil, produtora que vende formatos de programas e reality shows para outras emissoras, apresentou os seus cases de sucesso, como o Masterchef da Bandeirantes e o novo Batalha dos confeiteiros, na Record.

Ao ser perguntado sobre a tendência da Globo em misturar jornalismo e entretenimento na sua programação, ele foi categórico: “Há uma tendência em misturar entretenimento com tudo. Quando me perguntam se o Masterchef está ajudando a criar novos chefs, respondo que não, é puro entretenimento. Uma pesquisa mostrou que os EUA tem o maior consumo de programas de culinária do mundo, mas ao mesmo tempo é o país onde as pessoas menos cozinham”, contou.