Coproduções aumentam projeção de filme brasileiro

Coproduções aumentam projeção de filme brasileiro

Thayz Guimarães
06 out 15

Imagem destaque

Divulgação

Boi neon: coprodução Brasil/Holanda/Uruguai

A dificuldade de internacionalização de longas-metragens brasileiros é real e evidente, seja por questões ligadas ao idioma, seja pelo caráter regional de alguns temas ou mesmo pelo desconhecimento do mercado e a ausência de agentes de venda interessados nessas produções. Mas, para que um filme seja lembrado, ele precisa ser visto, e, nessa equação, a exposição em grandes festivais pode fazer toda a diferença. O tema foi debatido na última segunda-feira em uma das mesas do RioMarket.

“Os festivais ainda são a chave para você se conectar com audiências internacionais”, afirmou Fabien Westerhoff, da WestEnd films, companhia que atua como agente de vendas em Londres. Segundo Fabien, o peso dos festivais está se tornando cada vez mais importante no mercado internacional. “Antes, eles representavam apenas o prêmio, não tinham um impacto comercial direto. Hoje, eles dizem para a audiência: ‘esse aqui é um grande filme que vocês devem assistir’”.

Diálogos no sul

Mathias Noschis, da Alphapanda, empresa com sede em Londres e Berlim, citou Central do Brasil, Cidade de Deus e Tropa de Elite como exemplos típicos dessa situação. Ele disse que é muito difícil um filme comercial não falado em inglês, e que não seja dos EUA ou da Inglaterra, acessar o mercado internacional. “Até mesmo os filmes comerciais brasileiros que se deram muito bem só chegaram ao mercado internacional via festivais”. Que horas ela volta? também poderia estar nessa lista: após ser exibido em Berlim e Sundance – no qual ganhou o Prêmio Especial do Júri –, o longa foi comprado pela Oscilloscope Pictures e já arrecadou mais de U$ 300 mil nos EUA, além de ter sido lançado em vários países da Europa.

Outro caminho apontado pelos debatedores para a falta de visibilidade do produto brasileiro no mercado internacional são as coproduções, especialmente com países europeus como a França, que possuem linhas de fomento para filmes estrangeiros. “Com as coproduções, cria-se um atalho até os agentes especializados”, explicou Joseph Rouschop, da distribuidora francesa Tarantula.

As coproduções com países vizinhos também devem estar na linha de frente das opções. Ilda Santiago, diretora do Festival do Rio, considera que, no Brasil, as redes criadas com os mercados latinos ainda são muito fracas.  Para ela, faltam relações entre os países sul-americanos. Mathias Noschis também criticou esse cenário no qual, apesar da proximidade geográfica, "um filme latino só começa a ser visto como filme pelo Brasil quando é exibido em Cannes ou Berlim”.