Anima Mundi reforça presença de longas

Anima Mundi reforça presença de longas

Thayz Guimarães
07 jul 15

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Divulgação

Shaun: O carneiro, um dos longas da programação

De casa nova, no Rio (Cidade das Artes) e em São Paulo (Cinemateca Brasileira), o Anima Mundi chega à sua 23ª edição esta semana apostando na criatividade e no conteúdo para superar mais uma crise financeira, dessa vez nacional. Apesar da redução de quase 40% no orçamento, o festival manteve sua média de 450 filmes – vindos de mais de 40 países –, com direito a pré-estreias, oficinas, debates e atividades culturais gratuitas, além da presença de convidados ilustres, como o diretor Mark Osborne (Kung Fu Panda), que vem ao Brasil para uma masterclass e a première do longa O pequeno príncipe, produção francesa elogiada em sua passagem pelo Festival de Cannes em 2015. A porção carioca da programação começa nesta sexta-feira.

No Rio de Janeiro, a ida do Anima Mundi para a Fundação Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, vem associada à resistência que o carioca possui em relação ao bairro da Zona Oeste, devido aos seus problemas de acesso. Apesar disso, Aída Queiroz, uma das diretoras do festival, diz que acredita que a mudança será para melhor, já que o novo espaço tem “uma estrutura maravilhosa, com salas gigantescas, onde cabem todas as atividades do evento”, explica. “A gente adorava a Fundição [Progresso, ex-sede], mas tínhamos que montar praticamente toda a estrutura do festival”. Aída também aproveita para criticar a falta de espaços culturais amplos na cidade. “Quais são os lugares que a gente tem para abrigar grandes eventos? Não tem muita opção”.

A queda significativa no orçamento também foi um dos fatores que contribuíram para a mudança do local de realização do evento. Esta edição contou com patrocinadores como Petrobras, BNDES e IBM, Ministério da Cultura (através da Lei Federal de Incentivo à Cultura), o Governo do Rio de Janeiro, a Secretaria de Estado de Cultura e a Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro. A direção, no entanto, não revela o custo do festival, que já atravessou crises nos anos 1990, durante a era Collor, e em 2005, quando a sede paulista precisou ser transferida para o Memorial da América Latina.

Crescimento de longas é tendência

No Anima Mundi deste ano serão exibidos oito longas– três em competição –, um número recorde. “Antes, a quantidade de longas-metragens de animação produzida era muito pequena, pelo trabalho, pela demora para finalizar. Mas o avanço tecnológico, que dispara a cada ano, está facilitando esse processo de crescimento, inclusive no Brasil”, explica a diretora, para quem a tendência é que o espaço para longas no festival também cresça a cada ano, “mesmo mantendo o coração do festival nos curtas, que é a grande fábrica criativa da animação”.

Aída acredita que, por enquanto, não podemos falar em grandes produtoras de animação no Brasil, apenas de grandes diretores. Segundo ela, o processo de afirmação desse gênero cinematográfico foi acontecendo naturalmente, mas ainda é muito recente no país. “A gente está falando de 10, 12 anos, no máximo. As pessoas estão se organizando. Acho que daqui a cinco ou dez anos a produção vai ser bem maior e a gente vai poder dizer que ela estará mais consolidada”, prevê.

Brasil participa com mais de cem títulos

Dos mais de 400 filmes selecionados, o Brasil marca presença com 108 títulos, entre eles o longa-metragem Nautilus – A primeira aventura de Colombo, de Rodrigo Gava, com vozes de José Wilker (1944-2014) e Isabelle Drumond. A França, país homenageado desta edição, vai apresentar 42 obras. Duas reexibições também compõem a seleção de longas deste ano: Festa no céu, do mexicano Jorge Gutierrez, e O príncipe do Egito, de Steve Hickner. Os cineastas estarão presentes no Papo Animado, sessão do festival em que os diretores falam sobre o seu processo criativo, exibem alguns de seus trabalhos e conversam com o público.

O Anima Mundi 2015 será realizado entre 10 e 15 de julho, no Rio de Janeiro, na Cidade das Artes (Avenida das Américas, 5300, Barra da Tijuca); e em São Paulo, de 17 a 22 de julho, na Cinemateca Brasileira (Largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Clementino). A Caixa Belas Artes (SP), o Odeon, o Oi Futuro de Ipanema, o Auditório do BNDES e o Ponto Cine (RJ) também vão abrigar algumas sessões. A entrada é franca. Confira a programação completa e outras informações no site do festival.