Desde o último sábado, o mundo do entretenimento e das mídias digitais tenta entender quais as implicações do anúncio da maior aquisição do setor nos últimos cinco anos: a compra do grupo Time Warner pela AT&T, maior empresa de telefonia dos EUA em valor de mercado, por US$ 85,4 bilhões.

Além do estúdio de cinema, responsável por sucessos como Batman vs Superman – A origem da Justiça e Esquadrão Suicida, o Time Warner é dono de canais como HBO, CNN e Cartoon Network.

A compra deve sofrer grande resistência por parte do governo – os dois grandes candidatos à Presidência, Donald Trump e Hillary Clinton, já se manifestaram contra a aquisição, que violaria regras antitruste.

Nesta segunda pela manhã, os CEOs das duas companhias – Randall Stephenson, da AT&T, e Jeff Bewkes, da Time Warner – foram à TV e promoveram uma conference call de 70 minutos com analistas para explicar quais os caminhos futuros que a aquisição cria, segundo eles, para o mercado como um todo.

Cada vez mais integração

Stephenson falou com entusiasmo do DirecTV Now, pacote de canais em streaming que a AT&T lança daqui a um mês. “Temos muitas ambições para essa nova plataforma, declarou, citando a possibilidade de unir a programação dos canais com a movimentação das redes sociais, facilitando o compartilhamento de vídeos por diferentes plataformas e aparelhos.

Para Bewkes, o maior benefício para a Warner é o big data gerado pela imensa base de clientes AT&T – algo não muito distante do que a Netflix já desenvolve com seus algoritmos. “É uma grande oportunidade de utilizar dados do consumidor para alimentar a criação de conteúdo não só para os grandes sucessos, mas para ninchos específicos de audiência”, declarou.

Outro grande horizonte de expansão no negócio são os desdobramentos no setor da publicidade. Com a junção, será possível negociar pacotes de anúncios que incluam os canais DirecTV, os canais Turner e canais de venda online direta ao consumidor. O maior ganho, porém, será o desenvolvimento de publicidade personalizada. “Podemos fazer os anúncios mais interessantes para a sua casa em comparação com aquilo que é mostrado ao vizinho da casa ao lado”, disse Bewkes. “Isso vai dar aos publicitários outras opções além do Google e do Facebook, que tem ficado com todos os novos investimentos”.

De acordo com Stephenson, a aquisição vai implicar numa integração “vertical”, sem competição das companhias em nenhum domínio, e é “totalmente sem sentido” o rumor de que os conteúdos de qualquer canal do grupo Warner ficaria fechado com exclusividade apenas a clientes AT&T.