Odeon reabre renovado e cheio de atrações

Odeon reabre renovado e cheio de atrações

Gustavo Leitão
19 mai 15

Imagem destaque

Divulgação

Nesta quarta-feira, dia 20, o histórico cinema Odeon, na Cinelândia, vai ressurgir novinho em folha. Depois de investimentos de R$ 1,5 milhão, o espaço erguido em 1926 volta ao circuito carioca com nova tela, sistema de refrigeração renovado e equipamentos digitais de ponta. Com a reforma, entra em marcha também uma nova proposta para a programação, que vai apostar em múltiplas mostras e eventos. “Vai ser uma grade totalmente fragmentada, como o lugar pede”, adiantou ao Filme B o recém-anunciado diretor de programação, Sérgio Sá Leitão.

A volta do Odeon põe fim a um período de incerteza que marcou o último ano do cinema. Derradeira “catedral” do período áureo da Cinelândia, um polo de lendários espaços de exibição como o Pathé, o Rex e o Vitória, o lugar passou a ser gerido em 2000 pelo Grupo Estação, que mantinha uma programação regular, mas nem sempre com ocupação expressiva dos 550 assentos, além de sediar ali as sessões de gala do Festival do Rio. Depois de uma longa crise financeira e o acúmulo de dívidas (hoje sanadas com o patrocínio da NET), o Estação acabou devolvendo o espaço às mãos do proprietário, o Grupo Severiano Ribeiro, em junho.  

O GSR aproveitou a proximidade dos festejos de seu centenário, em 2017, para recuperar o Odeon e modernizar suas instalações, que sofriam com a falta de manutenção. Foram quatro meses de reformas, com recursos próprios, que incluíram a revisão dos sistemas elétrico e hidráulico e a instalação de dois projetores 2K e sistema de som Dolby 7.1. Um novo projeto de iluminação criado pelo designer Jair de Souza e inspirado na belle epóque completou a decoração. Para fechar o clima retrô, foram convocados lanterninhas uniformizados. 

Inauguração será com O vendedor de passados

A sessão inaugural para convidados será amanhã, com O vendedor de passados, de Lula Buarque de Hollanda, com a presença do protagonista Lázaro Ramos. O público poderá frequentar o agora rebatizado Centro Cultural Severiano Ribeiro a partir do dia seguinte, quando o filme entra em cartaz e começa a Mostra Primeira Mão, de pré-estreias.

A programação de filmes inéditos dura até junho, com títulos como O mistério da felicidade, novo longa de Daniel Burman (O abraço partido), Segunda chance, de Susanne Bier, e O amuleto, dirigido por Jeferson De. O primeiro pacote de filmes se encerra com uma sessão fechada para convidados do documentário Cauby – Começaria tudo outra vez e uma extensa mostra de cinema negro do Brasil, África e Caribe. “Queremos buscar o exclusivo, o diferente”, explica Sérgio, que leva na bagagem a experiência como presidente da RioFilme e secretário de Cultura do município.

Cinema volta a integrar Festival do Rio

Entre as novidades de programação já confirmadas, está um cineclube organizado pela PUC, com filmes de estudantes; uma mostra de documentários musicais e outra dedicada ao cineasta Francis Ford Coppola; as sessões LGBT, que já vinham ocupando esporadicamente o cinema; e uma seleção estilo “repescagem”, com produções que tiveram carreira recente (e às vezes curta) no circuito. O Odeon também volta a integrar os circuitos do Festival Varilux de Cinema Francês, do Anima Mundi, e – rufem os tambores – do Festival do Rio.

A diversidade de títulos e de públicos-alvo foi uma estratégia para contornar os desafios de administrar um cinema de rua em tempos de multiplex de shopping e encolhimento dos circuitos de arte. Além de ser um espaço de exibição à moda antiga, com grande número de cadeiras e mezanino (que agora será usado só nas sessões com alcance mais amplo), o Odeon fica em pleno Centro do Rio, que tem um perfil de público às vezes enigmático.

Espaço terá preço promocional aos fins de semana

Uma das conclusões a que os organizadores chegaram é que, diferentemente do circuito tradicional, o fim de semana ali, sem o movimento normal de trabalhadores da região, precisa ter preços mais baixos para justificar o deslocamento. “Teremos ingressos a R$ 24 a versão inteira e R$ 12 a meia de segunda a sexta. Aos sábados e domingos, os preços caem para R$ 18 e R$ 9”, diz o programador. Sérgio Sá Leitão vai experimentar uma linha de títulos infantis aos fins de semana, a começar por uma seleção de produções da Blue Sky, estúdio de animação do brasileiro Carlos Saldanha, como forma de atrair as famílias que circulam pelos centros culturais da área. 

Outra nova aposta para arrebanhar um público novo é o conteúdo alternativo, transmitido por satélite. O espaço foi preparado para receber sinal de eventos esportivos, espetáculos de ópera e balé e outros materiais. Uma parceria com a distribuidora especializada Cinelive vai garantir atrações como a final da UEFA Champions League, que será exibida ao vivo no dia 6 de junho. "A primeira fase será de experimentar com a programação e ver o que tem boa resposta do público", afirma Sérgio.

No segundo semestre, uma filial da cafeteria Starbucks passa a funcionar no espaço, no lugar do Ateliê Culinário que marcou a gestão do Estação.