Jogo da UEFA prova força do conteúdo alternativo

Jogo da UEFA prova força do conteúdo alternativo

Gustavo Leitão
09 jun 15

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De um lado, os blockbusters de Hollywood. De outro, um torneio de futebol europeu. Essa disputa, que mais parece um duelo de Davi e Golias, terminou este fim de semana com um bom saldo para o conteúdo alternativo. Exibida ao vivo em mais de 130 salas brasileiras, a final da Copa da UEFA, no sábado, dia 6, atraiu cerca de 24 mil espectadores e arrecadou mais de R$ 700 mil. Foi a nona melhor cifra do período, na frente de algumas estreias cinematográficas.

A final do torneio tem transmissão por satélite para os cinemas brasileiros há cinco anos, com resultados crescentes a cada edição (veja no quadro). “Tínhamos colocado duas metas, a de atingir 20 mil bilhetes vendidos e chegar a quinto do ranking. Superamos o público que pensamos e só ficamos atrás no ranking por causa da safra forte de blockbusters do período, como Terremoto e Vingadores”, afirma Laudson Diniz, diretor da Cinelive, empresa especializada na distribuição de conteúdo alternativo para as salas de exibição.

O desempenho da partida de futebol em relação aos concorrentes é mais relevante se considerarmos dois fatores. O primeiro é que, embora crescente, o circuito da atração foi de 135 telas, o que representa ainda uma pequena parcela das quase 3 mil salas espalhadas pelo Brasil. Depois, sua ocupação dos cinemas foi bastante efêmera: apenas no sábado, em uma faixa que corresponderia a mais um menos uma sessão e meia. Seus oponentes no ranking são filmes que arrecadaram durante todo o fim de semana cinematográfico, que vai de quinta a domingo.

Crescimento de público de 70% em um ano

A atração serve como bom parâmetro para o crescimento em presença – e resultados – do conteúdo alternativo no país, uma lista que inclui óperas, shows e relançamentos de filmes. Em franca ascensão no mercado americano, principalmente para a ocupação de horários ociosos dos complexos, esse tipo de atração parece dar sua primeira guinada mais forte no Brasil nesse cenário pós-digitalização. “Os exibidores estavam compreensivelmente com a energia focada na conversão de suas salas. Agora ficará mais fácil expandir esse circuito”, diz Laudson, que também distribuiu jogos da última Copa do Mundo.

Para se ter uma ideia de quão recente é essa explosão, apenas de um ano para cá o crescimento de público da final da UEFA foi de mais de 70%. O desempenho acompanhou a expansão da rede de cinemas preparados para receber o sinal do satélite, que requerem gastos com infraestrutura, incluindo decoder e antena. “É um investimento dividido entre a Cinelive e os proprietários”, conta o distribuidor, que se valeu pela primeira vez este ano de um acordo com a empresa de satélites SES, com sede em Luxemburgo. E esse ganho não se restringiu ao futebol: ainda pouco disseminado por aqui, o futebol americano saiu dos 3 mil ingressos do Superbowl para os 9 mil pagantes da última transmissão do torneio.

A exibição da UEFA é fruto de uma parceria entre a Cinelive e o canal ESPN. Desde 2012, a transmissão foi descolada da atração de TV e customizada para os cinemas, com locução exclusiva de Cledi Oliveira e os comentaristas Alê Oliveira e Zé Elias. O 3D, disponível nas duas primeiras edições, no entanto, parou de ser usado por decisão da liga, que julgou altos os custos de produção nessa tecnologia. A próxima meta é elevar a resolução atual, do full HD (pouco abaixo do 2K) para o 4K, que começa a se espalhar pelo circuito.

A rede de cinemas participantes inclui os principais exibidores do país, como Cinemark, UCI, Cinépolis e Grupo Severiano Ribeiro. Os ingressos são fixados em R$ 50, com preços mais elevados em salas VIP – levando em conta os valores para mais e para menos, a média do bilhete este ano ficou em torno dos R$ 30. “Ainda há espaço para crescer, principalmente na região norte do país”, prevê Laudson, que se prepara para transmitir a League of Legends e um show do Take That este ano.