A série 3%: do YouTube para a Netflix

A série 3%: do YouTube para a Netflix

Gustavo Leitão
11 mar 16

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Divulgação

Série original: mais de 1 milhão de views

Primeira produção original da Netflix no Brasil, a série 3% é um case do YouTube como vitrine para o audiovisual. Em 2011, a primeira versão do projeto foi disponibilizada na plataforma de vídeos e viralizou. Juntas, as três partes do piloto obtiveram cerca de 1,1 milhão de visualizações, número que apenas um punhado de filmes brasileiros consegue alcançar em ingressos vendidos por ano. Um dos espectadores era Erik Barmack, vice-presidente de conteúdos locais da companhia de streaming por assinatura.

"Já estávamos em contato com o Netflix por conta de outros projetos, mas depois que o Erik assistiu ao episódio começamos a falar sobre a ideia de desenvolver a série", lembra Tiago Mello, diretor da Boutique Filmes, em entrevista ao Filme B.

O projeto de 3% foi concebido há cinco anos pela Maria Bonita Filmes, que na época contou com o edital da FICTV/Mais Cultura, do governo federal, para viabilizar o piloto. A obra chegou ao YouTube com legendas em cinco idiomas. Apesar da boa repercussão, as tentativas de obter patrocínio e apoio de canais falharam e o conceito estacionou. Até ser adquirido pela Boutique e encontrar seu destino na Netflix.

Clima de Jogos vorazes

As filmagens começaram nesta sexta-feira, dia 11, em São Paulo. "É uma produção grande, com muitas locações e estúdio", conta Tiago, que vai entregar a série em qualidade de ultradefinição 4K. Embora o clima distópico seja o mesmo do original, a trama foi inteiramente remodelada para os oito novos episódios, e a produtora abriu a seleção de elenco outra vez. "Fizemos 11 tratamentos de roteiro", conta o produtor.

Para montar o novo projeto, Tiago convocou o roteirista Pedro Aguilera (Copa de elite), idealizador da série original. Cesar Charlone, responsável pela fotografia de filmes como Ensaio sobre a cegueira, cumpre a função de diretor geral, dividindo a direção de episódios com Daina Giannechinni, Dani Libardi e Jotagá Crema. No elenco, estão Bianca Comparato, João Miguel e Zezé Motta.

A trama de 3% se passa em um futuro sombrio onde são poucas as possibilidades de ascender socialmente. Para chegar à elite privilegiada, os candidatos precisam passar por testes cruéis, no melhor estilo Jogos Vorazes. "É um comentário sobre a sociedade brasileira e o momento mundial geral", disse Barmack em sua apresentação no RioContentMarket. "A narrativa toca em muitas questões importantes e atuais, como a exclusão e a meritocracia", defende Tiago.

O acordo com a Netflix prevê financiamento 100% a cargo da plataforma - o orçamento não foi revelado. Segundo o produtor, por enquanto está garantida apenas a primeira temporada. A continuidade do projeto, como no caso das séries de TV, depende da aceitação do público.