Alex Braga: "Este é o momento do cinema popular"

Alex Braga: "Este é o momento do cinema popular"

Amanda Queirós
05 out 23

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Divulgação

Alex Braga

Depois de focar esforços na volta do apoio a produções independentes e na abertura de linhas de crédito de estímulo à cadeia produtiva pelo Fundo Setorial do Audiovisual, a Ancine aponta para uma nova meta: reocupar o mercado com o cinema brasileiro. 

“Este é o momento do cinema popular, aquele que conquista público pelo seu potencial comercial”, afirmou o diretor-presidente da agência, Alex Braga, nesta quinta-feira, 5, durante um painel na 10ª Expocine, em São Paulo.

A orientação foi endossada por Bruno Wainer, CEO da Downtown Filmes. “Nós precisamos voltar a vender o número de ingressos que vendíamos antes da pandemia”, ressaltou ele, responsável pela segunda maior bilheteria da história do cinema nacional.

Minha mãe é uma peça 3 vendeu 11,5 milhões de ingressos às vésperas do isolamento imposto pela Covid, em 2020. Desde então, nenhum filme nacional bateu nem mesmo a marca de 1 milhão de espectadores.

Felipe Lopes, diretor da Vitrine Filmes, lembrou do papel da cota de tela para a garantia desse espaço e ressaltou as articulações do setor para a renovação do mecanismo, que estava sem validade desde setembro de 2021. Na última terça-feira, 3, a Câmara dos Deputados aprovou o texto que prorroga até 2033 a cota para exibição de filmes brasileiros nas salas de cinema do país. O texto segue agora para aprovação do Senado Federal.

Segundo ele, o mercado pode ganhar também com uma abordagem menos punitiva e mais propositiva para o não cumprimento dessa lei, com uma possível premiação para exibidores que destacam mais filmes brasileiros, por exemplo.

Apesar de enfatizar o caráter técnico da Ancine e o trabalho da agência para destravar processos visando a retomada da indústria, Braga não deu detalhes sobre ações ou projetos focados especificamente para o impulsionamento do cinema popular. Wainer, por sua vez, foi incisivo em apontar as necessidades do segmento.

“Claro que deve haver linhas para a entrada de novos players, mas é preciso reconhecer quem já teve resultado, e o jeito disso acontecer é com linhas de premiação por mérito. É algo que dá para julgar com critérios objetivos e que fazem os processos andar mais rápido.  Estamos sob risco de não termos resultados positivos para apresentar ao fim deste governo”, apontou o distribuidor.

Lopes indicou ainda a necessidade de atenção aos programas e linhas já lançados para aprimoramento das exigências e contrapartidas em consonância com a realidade do mercado. “A burocracia ainda atrapalha”, concluiu.