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2020 foi um ano bastante duro para o mercado de exibição, que praticamente só conseguiu ter
seus cinemas abertos plenamente nos primeiros 70 dias do ano.
Do total de 5.570 municípios no Brasil, 450 (8%) possuem salas de cinema. Se a princípio
parece que existem muitos municípios sem cinema, na realidade a grande maioria dessas
cidades possui menos de 100 mil habitantes, o que torna difícil a subsistência de uma sala de
cinema, apesar de haver alguns casos raros com essa realidade, como Portobelo (SC), Joaçaba
(SC), Porto União (SC) e Eusébio (CE), entre outras, que se destacam por apresentar um bom
índice de ingressos per capita.
O índice de frequência aos cinemas per capita no Brasil sempre foi muito baixo, mas vinha
melhorando nos últimos anos com o grande desenvolvimento do mercado, chegando a 0,8 em
2019. Em 2020 o índice caiu para 0,2, queda acentuada pelos motivos já conhecidos.
Com a grande diminuição do número de estreias ao longo de 2020 – passamos de 464 títulos
de 2019 para 186 em 2020 – reduziram-se consideravelmente os chamados blockbusters
médios ou mesmo de filmes de produção média a partir de março. Com isso o market share
dos dez mais do ano apresentou um índice recorde de 76,9%. Isto não quer dizer que tenha
havido uma grande concentração do público nos dez mais, superior aos dos anos anteriores,
conforme à primeira vista possa parecer.
O número de lançamentos em 3D teve um tombo, de 30 para apenas sete títulos, o que
consequentemente gerou um share de renda de 14,4%, quando em 2019 foi de 29,4%. Ou
seja, o que parecia ser uma tendência - a diminuição de lançamentos em 3D - acabou se
confirmando na prática e tem tudo para seguir esse caminho.
Os sucessos acumulados nos anos anteriores ainda animaram os exibidores para inaugurações
de novos cinemas – que já estavam programadas para 2020 – num total de 39 salas, todas
abertas antes do cancelamento das exibições, encerrando o ano com 3.536 salas em 857
cinemas. Nesses números ainda não estão contabilizados os cinemas em processo de
fechamento. Pelo cenário que está se configurando em 2021, é possível que o crescimento não
vá adiante ou que tenha seu ritmo reduzido, já que o ano começou mostrando que também
teremos um período difícil pela frente.
O ano fechou com 171 salas vips, que têm funcionado como uma espécie de showroom dos
exibidores na disputa de pontos em importantes shopping centers e como um grande
diferencial para o público final com poder aquisitivo, em busca de uma experiência
cinematográfica de alta qualidade e serviços especiais de gastronomia e conforto. Vamos
acompanhar nos próximos anos se a tendência de crescimento das salas vips continuará como
vinha acontecendo nos últimos anos. Se por um lado trata-se de uma potente força
mercadológica para enfrentar a concorrência do streaming, por outro, o fator preço poderá ser
um empecilho.
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