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Database Brasil 2015  


Um excelente ano para o mercado


O mercado de cinema no Brasil em 2015 mais uma vez foi um festival de recordes, favorecido pelos resultados expressivos de alguns títulos que figuraram entre os dez mais, e também pelo crescimento de 9% do mercado exibidor. 2015 completa dez anos de crescimento em renda e sete em público, e confirma mais uma vez a força desse mercado que vem recebendo sucessivos investimentos, tanto públicos como privados. É importante frisar que, durante esse período, aconteceu um fenômeno muito particular na economia brasileira, que foi a ascensão das classes C e D (70% da população) ao mercado consumidor.

Foi um ano de recorde de público (170,7 milhões), um aumento de 8,5%. Também em renda o crescimento foi expressivo, pois saímos de R$ 1,9 bilhão para R$ 2,3 bilhões (17,1%). Considerando que o preço médio do ingresso passou de R$ 12,55 para R$ 13,54 (+ 7,9%), o restante da bilheteria, em sua maior parte, veio também do crescimento recorde da abertura de novas salas, pois passamos de 220 salas inauguradas em 2014 para 267 em 2015. Além disso, o total de filmes lançados também foi recorde, chegando a 435 títulos, entre nacionais (130) e estrangeiros (305). Os dez maiores filmes do ano foram os principais responsáveis pelo crescimento de público, renda e de p.m.i. do ano, pois tiveram um market share de 36,7% de público, acumulando 62,6 milhões de ingressos, não só um número altamente expressivo, mas também recorde, tanto no Brasil como em vários países do mundo.

O filme nacional, que costuma ser o diferencial para mais ou para menos no mercado, conseguiu, no segundo semestre, equilibrar os seus números em torno de um patamar de 21,6 milhões, um share de 12,7%, mais ou menos dentro da mesma média do ano passado. Outro fato a ser considerado em 2015 foi o processo bem-sucedido da digitalização. Podemos mesmo afirmar que 2015 foi o ano do digital no Brasil, pois cerca de 97% das salas chegaram em dezembro ao final deste processo. Terminamos o ano com um total de 1.270 salas em 3D, outro crescimento importante, pois vem sendo o fator principal no crescimento das rendas no Brasil.

O ano de 2015 foi de resultados superlativos para o cinema como um todo, mas ainda mais grandioso para algumas distribuidoras. A Universal garfou o maior pedaço desse bolo, com uma renda total de R$ 498,1 milhões (21,5% do total), graças a uma fileira de sucessos: Velozes e furiosos 7 (a segunda maior arrecadação do ano), Minions, Jurassic World – O mundo dos dinossauros e Cinquenta tons de cinza.

Juntos, os quatro blockbusters da Universal arrecadaram R$ 440,5 milhões, o que compõe mais de 88% da renda da major no ano passado. A participação de mercado da distribuidora foi turbinada por duas franquias ainda em plena atividade – Velozes (R$ 142,4 milhões) e Minions (R$ 119,8 milhões), sendo o primeiro de especial interesse por conta da morte do astro Paul Walker – e pelo revigoramento de um summer movie já clássico, Jurassic Park, de 1993. A nova versão fez R$ 90,7 milhões. Cinquenta tons (R$ 87,5 milhões) se valeu do imenso sucesso do livro de origem e da curiosidade do público sobre seu teor erótico nas telas.

A Disney (17,4% de share) não ficou muito atrás, com uma safra capitaneada pelo maior filme do ano, Vingadores – Era de Ultron (R$ 145,9 milhões), um fenômeno ainda maior que seu antecessor de 2012, que foi abertura recorde na época. O outro megassucesso do período foi a aguardada passada de bastão da franquia Star Wars para as mãos de J.J. Abrams. O despertar da força estreou em dezembro, fez R$ 74,1 milhões no ano e seguiu em carreira vitoriosa. Outros bons resultados compuseram o ano da distribuidora: Cinderela (R$ 50 milhões), Divertida mente (R$ 45,7 milhões) e Homem-Formiga (R$ 41,7 milhões).

A Fox (15,3%) ganhou no conjunto, com uma coleção de desempenhos sólidos, embora sem figurar entre os dez mais do ano. A seleção percorre dos infantis Os pinguins de Madagascar (R$ 40,4 milhões) e Uma noite no museu 3 (R$ 30,9 milhões), ao juvenil Maze runner – Prova de fogo (R$ 27,2 milhões) e os adultos Êxodo – Deuses de reis (R$ 39,2 milhões) e Perdido em Marte (R$ 29 milhões).

Na quarta posição (8,8%), a Warner emplacou Mad Max – Estrada da Fúria (R$ 33,3 milhões) e Terremoto – A falha de San Andreas (R$ 32,7 milhões). A empreitada internacional da Paris (8,6%) – que lança seus nacionais com a Downtown - colheu os frutos da parceria com a Lionsgate com os hits jovens Jogos Vorazes: A esperança – O final (R$ 62,9 milhões) e A série Divergente – Insurgente (R$ 39 milhões).

Considerando o quesito público, não há grandes diferenças no topo do ranking. A divergência começa a aparecer na quarta posição, onde aparece a Paris no lugar da Warner. A dobradinha Downtown/Paris também se destaca mais em ingressos vendidos. Na distribuição nacional, como vem se repetindo nos últimos anos, desde que uniram forças em seus títulos brasileiros, as independentes Downtown e Paris formaram a grande potência dos lançamentos locais, com 52,9% do público e 51,5% da renda nacional no ano. O fenômeno mais bem sucedido, como de costume, foi uma comédia, Loucas pra casar (R$ 45,8 milhões), com o bônus de não ser apoiada em uma franquia. Em seguida, ganhou destaque uma continuação de um sucesso, Meu passado me condena 2 (R$ 32,9 milhões). Foi também o ano em que a Paris se lançou na produção, largando já com um tiro certo: o infantil Carrossel, o filme (R$ 27,3 milhões), adaptado da novelinha consagrada.

A H2O (15,8% do público nacional) também teve sua boa notícia no calendário dos títulos brasileiros, com o lançamento da comédia Vai que cola – O filme (R$ 41,9 milhões), versão de uma série de TV de sucesso, com Paulo Gustavo. Já a Imagem (10,9%), sempre no páreo das bilheterias dos nacionais, teve como seu maior êxito Os caras de pau em O misterioso roubo do anel (R$ 14,7 milhões), outra adaptação de um programa de TV, com Leandro Hassum.

A produção independente estrangeira não pôde, em 2015, fazer crescer seus números, muito em virtude da desvalorização do real em cerca de 40%, o que prejudicou as compras internacionais desse tipo de produto. Mas mesmo assim, houve certo crescimento no lançamento de filmes franceses (54), ingleses (26), alemães (10) e japoneses (9). Os filmes independentes, que no mercado são na maioria das vezes conhecidos como de potencialidade média, sofreram muito este ano, em função dos megalançamentos facilitados pelo processo da digitalização, mas é importante salientar que, muitas vezes, os títulos não possuíam força mercadológica de competitividade. Isso pode ter sido um problema de safra, o que poderemos conferir nos próximos anos.





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