No próximo domingo, Não devore meu coração!, uma coprodução internacional com Holanda e França, fará sua estreia oficial em Sundance e terá a missão de ser o único representante do Brasil nesta edição do festival. De lá, segue para a Berlinale para competir na Mostra Generation, dedicada ao público jovem. O filme, um drama ambientado na fronteira com o Paraguai, é também o primeiro longa-metragem solo de Felipe Bragança, mais conhecido por seu trabalho como roteirista dos filmes O céu de Suely (2006) e Praia do futuro (2014). Traz Cauã Reymond no papel de um misterioso ‘agroboy’, integrante de uma gangue de motociclistas da região.

Produzido pela Duas Mariola, o filme teve um orçamento enxuto de apenas R$ 3 milhões – semelhante ao de outros projetos da produtora carioca. Mas, segundo Marina Meliande, sócia de Bragança na produtora, em termos de planejamento e logística, este foi o maior projeto já realizado por eles até hoje. “Tivemos que fazer um esforço de produção e de financiamento muito grande. Tudo foi rodado durante cinco semanas nas cidades de Bela Vista e Bela Vista do Norte, na fronteira do Brasil com o Paraguai, e em estradas da região”, explicou. Ela e Felipe dirigiram juntos, entre 2009 e 2010, os longas A fuga da mulher gorila, A alegria e Desassossego (Filme das Maravilhas).

Filme de arte com lançamento comercial

O filme, que para os festivais já ganhou o título em inglês Don’t swallow my heart, alligator girl!, também é o primeiro projeto da produtora carioca em parceria com a Globo Filmes, o que deve influenciar diretamente as estratégias de distribuição. “Estamos trabalhando para ser um filme de arte, mas que possa ter um lançamento de filme comercial”, diz Marina. “O maior desafio e a nossa vontade é chegar num público que não conhecia os nossos filmes, mas que poderia gostar deles”. A ideia é entrar em todas as capitais do país.

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Para isso, o filme conta com um trunfo na publicidade: a participação de Cauã Reymond, um dos atores nacionais mais influentes da atualidade, com quase 8 milhões de seguidores no Facebook e 4,3 milhões no Instagram. “O Cauã é nosso parceiro em vários sentidos, inclusive como coprodutor do filme. Só de ter ele junto com a gente, já conseguimos um alcance bem maior”, explica a produtora. Depois deste longa, ele e outro produtor associado, Mario Canivello, montaram sua própria produtora, a Sereno Filmes. As estratégias de marketing de Não devore... ainda estão sendo definidas, mas um dos pilares da divulgação deverá ser a participação do galã e do restante do elenco em eventos de lançamento do filme Brasil afora.

Filme de menino

Inspirado em contos do escritor Joca Reiners Terron, Não devore meu coração! conta a história de Joca, um menino brasileiro de 13 anos, e Basano La Tatuada, uma menina indígena paraguaia, que vivem na fronteira entre os dois países. Joca é apaixonado por Basano e faz de tudo para conquistar seu amor, mesmo que para isso tenha que enfrentar as violentas memórias da Guerra do Paraguai e os segredos de seu irmão mais velho, o misterioso Fernando (Cauã Reymond).

“O Felipe [Bragança] brinca que é um filme de menino – uma história de dois irmãos, com moto e outras referências ao universo masculino. Por isso ele dirige e eu fico só na produção”, brinca Marina. “A gente é sócio na produtora, dirigimos três filmes juntos, mas também temos outros caminhos, projetos que são mais pra um do que pra outro”.

Com distribuição da Fênix, Não devore meu coração! tem lançamento prevista para o segundo semestre de 2017.

Projetos futuros

Ainda este ano deve chegar ao circuito outra produção da Duas Mariola: Mormaço,mistura de drama e fantasia com roteiro e direção de Marina Meliande e produção de Felipe Bragança. Em fase de finalização, o filme será distribuído pela Vitrine.

Em 2017 também começam as filmagens de Um animal amarelo, coprodução com a portuguesa O som e a fúria e distribuição da Fênix. Com roteiro original de Bragança, o filme conta a história de um carioca falido e amaldiçoado. Projetos de outros diretores também estão na mesa da produtora, ainda em fase de desenvolvimento, entre eles Filme de sereia, de Indira Dominici; Aurora, de João Torres; e uma série para o Canal Brasil.