Painéis da Expocine discutem o novo mercado

Painéis da Expocine discutem o novo mercado

Thiago Stivaletti
24 nov 15

Imagem destaque

Divulgação

Painel de debate na Expocine 2015

A Expocine encerrou na semana passada em São Paulo com uma ampliação do espaço de estandes dos exibidores e fabricantes de equipamentos. As grandes marcas do mercado estavam presentes, como Barco, Dolby, Kelonik, Centauro, Ingresso.com, Ideal, Soluplex, Santa Clara, Philips e Cinebrasil.

Além da apresentação do line-up 2016 das majors, o evento discutiu, na parte da manhã, temas e questões do novo mercado de cinema no Brasil.

O espectador online

Nas manhãs de debates, um dos destaques foia apresentação da diretora de mídia e entretenimento do Google Brasil, Debora Bonazzi. Ela apresentou os resultados da última pesquisa da empresa, que revela um aumento da utilização da internet pelo espectador na hora de escolher o filme que verá no cinema – e um maior imediatismo nessa escolha. Hoje, 89% dos espectadores pesquisam online antes de escolher o filme que verão na tela grande. Do total, 56% dizem que, sem a internet, escolher um filme para ver o cinema não é a mesma coisa. Um dado interessante: 68% das buscas por títulos de filmes terminam no YouTube, para ver trailers e vídeos relacionados. Do total de entrevistados, 27% afirmaram pesquisar sobre o filme de dois a cinco dias antes de ir ao cinema; 19% pesquisam no dia anterior; e outros 27% disseram pesquisar horas antes de sair de casa.

Contra a pirataria

Na apresentação da MPA (Motion Pictures Association), Ricardo Castanheira, diretor da entidade na América Latina, falou do andamento para a criação de uma coalizão dos cinemas contra a prática docamcording, a gravação pirata dentro das salas de cinema. O objetivo principal é a abertura de um canal de denúncia online para exibidores e espectadores, e a integração sistêmica com os cinemas – reunindo num único banco de dados os registros de câmeras internas e fotos de suspeitos. Também está prevista a criação de um manual de boas práticas e de campanhas educacionais periódicas.

Segundo a entidade, houve, de 2011 a 2015, 521 casos de gravação pirata em salas denunciadas na América Latina – dos quais 183 casos no Brasil.

Além dos filmes

No painel Distribuição do Amanhã, Laudson Diniz, diretor da distribuidora Cinelive, que aposta em conteúdos alternativos, lembrou o crescimento desse filão no Brasil. Este ano, a transmissão dos jogos da Copa UEFA nos cinemas ficou em sétimo lugar no ranking da semana, e a transmissão da final do Super Bowl americano vendeu no Brasil 8.800 ingressos, com 40% de ocupação das salas no domingo à noite.

Um dos maiores sucessos do ano foi a transmissão, aos sábados de manhã, das partidas do campeonato de game LeagueofLegends. Os ingressos da primeira sessão foram vendidos a R$ 30. A final teve seus ingressos vendidos a R$ 50, com sessões cheias. “Trata-se de um espectador jovem que vai ao cinema para encontrar seus iguais, rir e torcer juntos”, comentou Laudson, lembrando que 90% dos tickets para esses eventos foi vendido pela internet, antecipadamente.

Vinicius Pagin, do Cinemark, lembrou do sucesso do projeto Clássicos da rede. Um abaixo-assinado de espectadores em Londrina (PR) levou a rede a ampliar o circuito do projeto para além das capitais.

Cinema nacional

No painel sobre os Paradigmas do Cinema Nacional, Bruno Wainer, diretor da Downtown Filmes, maior distribuidora e coprodutora de filmes brasileiros, lembrou que o cinema brasileiro ainda não venceu o desafio de superar a casa dos 20% anuais de marketshare. “A produção cresce a cada ano, mas não superamos a marca de oito a dez filmes que vão realmente competir no mercado”, lembrou. Para ele, um dos problemas está no fato de que as verbas das leis de incentivo são voltados aos projetos individualmente, e não às empresas produtoras.

Ele defendeu a criação de linhas automáticas para os produtores e distribuidores que tiveram bons resultados anteriores de bilheteria. “O distribuidor brasileiro é o único que põe recursos próprios no lançamento dos seus projetos. Eu já deveria estar almejando me tornar uma Gaumont brasileira, com meu próprio estúdio, sem temer o fracasso de um ou dois projetos que podem abalar a saúde da minha empresa”, protestou.