TOC, uma comédia fora dos trilhos de Tatá Werneck

TOC, uma comédia fora dos trilhos de Tatá Werneck

Thiago Stivaletti
18 jan 17

Imagem destaque

Divulgação

Tatá Werneck enfrenta Ingrid Guimarães em TOC

Daqui a duas semanas, no dia 2 de fevereiro, será a vez de o cinema testar o poder de fogo de Tatá Werneck. A atriz e comediante, uma das estrelas de Loucas pra casar, finalmente vai estrear TOC – Transtornada, obsessiva, compulsiva, sua primeira comédia como ptotagonista absoluta.

No filme, ela é Kika K., atriz que está prestes a conseguir o cobiçado papel de protagonista da novela das oito, mas atravessando uma crise existencial. Cansada do namorado, um ator ególatra que só quer saber de sexo (Bruno Gagliasso), do assédio de um fã maluco (Luis Lobianco, do Porta dos Fundos) e pressionada pela agente que lhe mantém na rédea curta (Vera Holtz), ela se envolve com um livreiro pé-rapado de Osasco (Daniel Furlan) enquanto disputa cada trabalho com a rival mais poderosa, Ingrid Guimarães (vivendo ela mesma). Um roteiro que parece ter muito de autobiográfico – nos últimos anos, Tatá migrou da MTV para as novelas da Globo, onde ajudou a alavancar a audiência de Amor à vida e Haja coração.

Bruno Wainer, diretor da distribuidora Downtown, sabe que tem nas mãos um produto diferente de Minha mãe é uma peça ou Tô Ryca. “O filme está muito redondo, funciona bem. Estamos seguros da comunicação que vai ter com seu público. Mas é um gênero diferente, tenta um outro caminho em relação às comédias populares”, diz. O circuito de lançamento será menor que o das grandes comédias (entre 300 e 350 salas), mas o suficiente para entrar em todas as grandes cidades do país.

Mudando o final

Bruno tem o hábito de fazer testes de público para avaliar o potencial dos filmes. TOC, porém, foi a primeira vez que os testes levaram ele e os produtores a mudarem o final. “O final original era um pouco mais pesado. Depois dos testes, optamos por outro que não mudou a história, mas que trazia o filme mais para a trilha do público”, explica. Com bastante palavrão e algumas cenas escatológicas – mas sem mostrar nudez –, o filme pegou classificação indicativa de 14 anos, um pouco acima dos 12 anos de Minha mãe, Tô Ryca ou É fada.

+Bianca Villar, da Biônica, fala sobre a produção de TOC

O longa terá pela frente o desafio de encontrar seu espaço num circuito dominado por outro filme da DTF/Paris, Minha mãe é uma peça 2, hoje ainda ocupando mais de mil salas em sua quarta semana. Antes, também estreia nesta quinta Os penetras 2 (H2O/Universal). “Realmente, o exibidor está frito”, brinca Bruno. “Ele não pode largar Minha mãe, que ainda tem muita gordura pra queimar. Espero que o filme gere aquela onda positiva que dê mais vontade de ver comédias brasileiras. A gente se queixa é do contrário, quando entra um filme assim e depois se fica meses sem um novo sucesso”.

Rainha do Insta

Quanto ao trabalho de lançamento de TOC, metade do valor investido está sendo no on line. “Nosso problema é que o maior foco de popularidade da Tatá é no Instagram [14 milhões de seguidores], que não permite o compartilhamento de fotos e vídeos”, diz Bruno. Ele conta que, nas últimas semanas, trabalha com Tatá e a produtora Biônica Filmes para direcionar o conteúdo dos posts, fotos e tweets mais para a figura da própria Tatá e menos para outros aspectos do filme. Até agora, são 100 mil visualizações dos dois trailers no Youtube e 76 mil seguidores da página no Facebook. Um dos últimos posts no Face traz uma brincadeira de Tatá trabalhando em novelas das quais ela não fez parte, como Avenida Brasil, Mulheres de areia e Caminho das índias.

Como em algumas outras comédias recentes da Downtown – Tô Ryca, O candidato honesto –, TOC não tem coprodução da Globofilmes, o que limita a inserção nos programas da Globo. Mas o investimento em publicidade na TV aberta continua alto. “A gente adoraria que as pesquisas de aconselhamento nos mostrassem que o público não precisa mais da TV aberta para se informar sobre um filme. Mas ela ainda é muito importante na divulgação”, diz Bruno.

A hora e a vez de Paulo Gustavo

Enquanto pensa nos próximos lançamentos, Bruno não deixa de comemorar o sucesso de Minha mãe é uma peça 2. “Nem em nossos maiores delírios a gente imaginava que o filme ia tão longe”, comenta. Cruzando nesta quarta a fronteira dos 7 milhões de espectadores, Bruno aposta nos 9 milhões, mas não deixa de sonhar com um possível público de 10 milhões para o filme.

“Normalmente, os filmes se esgotam em quatro semanas de exibição. Com Minha mãe foi atípico. As duas primeiras semanas pegaram o Natal e o réveillon, e depois o filme cresceu. E quase todos os filmes funcionam mais concentrados em algumas cidades. No Loucas pra casar, por exemplo, uns 30 municípios responderam por 85% da renda. Já Minha mãe deu certo em 90% das cidades em que foi lançado”, comenta. “Não consigo entender como funciona no Acre ou em Rondônia um personagem que nem está na TV aberta”.