Exibidores independentes discutem seu futuro

Exibidores independentes discutem seu futuro

Redação
19 jan 17

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Divulgação/Art House Convergence

Painel da nona edição do Art House Convergence, em 2016

Um evento que começou como uma pequena reunião de 25 donos de cinema de arte e hoje reúne 620 exibidores independentes americanos, donos de uma única sala ou de uma pequena rede de cinemas. Esse é o Art House Convergence, evento que chega à sua décima edição e acontece em Midway, Utah, de 16 a 19 de janeiro, terminando no dia em que começa o festival na vizinha Sundance.

Num certo sentido, o desafio dos independentes não é muito diferente daquele dos donos de grandes multiplex: competir pela audiência do espectador em tempos de explosão das opções de entretenimento.

Russ Collins, fundador do evento, diz que os cinemas de arte vão muito bem, obrigado, nos EUA. “Uma pesquisa de 2015 mostrou que os nossos frequentadores vão em média 31,5 vezes por ano ao cinema – e essas visitas são divididas igualmente entre os multiplex e as pequenas salas. Ou seja, nossos clientes amam o cinema em geral. Quanto mais as pessoas vão ao cinema, melhor é para todos os agentes desse mercado.”

Debater e postar

Um dos temas que tem crescido a cada ano na Arte House Convergence é a necessidade de “eventização” das pequenas salas. “Os cineastas têm participado cada vez mais de debates depois da sessão. Os exibidores pensam mais em mostras que tenham a ver com temas locais da sua comunidade”, explica Barbara Twist, uma das organizadoras do evento.

“Esse eventos dão ao espectador algo que ele não tem no multiplex ou no sofá da sala. Com todas as plataformas concorrentes e as redes sociais, os pequenos exibidores precisam pensar: ‘o que mais podemos acrescentar à experiência da sessão?’ Não há dúvida de que o público de hoje quer mais engajamento. Quer discutir o filme, interagir - e divulgar que está fazendo tudo isso.”

A volta dos grandes espaços e do 35mm

O Art House Converge também vai discutir como as mudanças na programação estão influenciando a arquitetura e o espaço das salas independentes. As novas salas desse setor possuem grandes lobbies que estimulam as conversas e debates, e algumas incluem salas específicas para cursos e debates. Com os lobbies maiores, é curioso ver como o mercado americano volta a um tipo de sala que teve seu auge nos anos 40 e 50, antes da chegada da TV.

Outro diferencial dos independentes que vem dando resultado nos EUA são as sessões em 35mm. Assim como ocorreu com o vinil na música, um grupo cada vez maior de cinéfilos se interessa pelo formato. O The Roxie, tradicional cinema de arte de San Francisco, estreou The love witch, uma mistura de comédia e terror, no formato só depois que a versão digital do filme saiu de cartaz. Na cidade, o filme teve mais público nas duas semanas em película do que nas duas primeias semanas em digital.