O ano de 2010 foi excepcional para o cinema brasileiro, com resultados que superaram os melhores números do período da retomada. Acompanhando o crescimento do mercado como um todo, o público dos filmes nacionais cresceu pelo segundo ano consecutivo, chegando a 25,6 milhões de espectadores – um aumento de 60% em relação a 2009 e de 190% em relação a 2008. A renda também teve altas expressivas (72% acima de 2009 e 225% superior à de 2008), fechando em R$ 225 milhões.

O maior responsável pelo novo "ano histórico" foi, é claro, Tropa de elite 2. Lançado em outubro de forma independente pela própria produtora do filme (Zazen), com coordenação de Marco Aurélio Marcondes, o filme ganhou um esquema de distribuição e marketing digno do maior blockbuster hollywoodiano, com resultados que superaram todas as expectativas: Tropa de elite 2 tornou-se um dos maiores fenômenos locais das últimas décadas, superando Dona Flor e seus dois maridos e Avatar para ocupar o posto duplo de maior público do cinema brasileiro e de maior bilheteria da história no país.

Além do filme de José Padilha, o ano de 2010 foi notável para o cinema brasileiro também pelo ressurgimento de um gênero: o filme religioso. A temática espiritualista esteve presente em duas das três maiores bilheterias do ano: o drama Chico Xavier, de Daniel Filho, e Nosso lar, dirigido por Wagner de Assis. Juntos, os dois filmes levaram mais de sete milhões de espectadores aos cinemas ao longo do ano.

Uma das surpresas do ano foi a comédia Muita calma nessa hora, que chegou a 1,3 milhão de ingressos vendidos.

A participação de mercado do cinema brasileiro ficou em torno de 19%, cinco pontos acima do resultado alcançado em 2009. Ao todo, 76 longas nacionais chegaram ao circuito comercial em 2010 – nove títulos a menos que em 2009. Desse total, nove foram distribuídos por majors, 49 por distribuidoras independentes, 15 foram distribuídos pelos próprios produtores e três tiveram distribuição conjunta de majors com independentes.