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Desde que o Concine, órgão oficial de estatísticas cinematográficas,
teve suas atividades encerradas no começo da década de 90, o cadastramento do
número de salas no Brasil passou a ser feito por cada distribuidora separadamente,
sem qualquer cruzamento de informações. Há sete anos a Filme B pesquisa e
publica o número de salas de exibição no Brasil com o objetivo de
disponibilizar as informações para todos os setores do mercado.
Por meio de um levantamento realizado pela Filme B, em conjunto com o
Plantão de Rendas (serviço diário de coleta de rendas nos cinemas), e a partir
da base de dados do Sindicato dos Distribuidores do Rio de Janeiro, além de um
contato direto com os exibidores, chegamos aos números que ora apresentamos –
dando continuidade ao esforço iniciado na edição anterior do Database Brasil.
Trata-se de um trabalho contínuo, com uma dinâmica complexa, que depende da
checagem exaustiva de informações, principalmente em relação às salas que
encerram suas atividades. Chegamos, portanto, a um número que é o mais
atualizado possível, mas que ainda não podemos afirmar ser 100% exato: 2.045
salas (o mesmo de 2005). Trata-se de uma estimativa, mas que acreditamos estar
muito próxima do número real, uma vez que calculamos a margem de erro em cerca
de 1%. Desse modo, é possível dizermos que o circuito brasileiro encontra-se
estável. Segue o processo de modernização do setor, mas o crescimento acelerado
do número de salas dos anos anteriores não vem se repetindo nestes últimos dois
anos.
O Database Brasil 2006 publica também, pelo segundo ano, a relação mais
completa possível das cidades que possuem salas de cinema no Brasil, chegando a
um total de 425 municípios.
Principais
exibidores
A liderança do ranking de maiores
exibidores em 2006 continua com a Cinemark, que registrou uma expansão
significativa de seu circuito em 2006 (16 salas a mais que em 2005 – ver tabela
2). O grupo também continua líder em público e renda no país (tabela 3), sendo
também o campeão de salas, renda e público no mercado de São Paulo. Embora a
empresa tenha registrado pequena queda de público em 2006, manteve seu índice
de market share (cerca de 27%).
A vice-liderança da exibição do país segue com a empresa Cinemas São
Luiz – parte do Grupo Severiano Ribeiro –, que contou com 135 salas em 2006,
conquistando 10% do market share de
público no ano. A terceira posição continuou com a UCI, que manteve o mesmo
número de salas dos últimos dois anos, e 9,2% do público de 2006.
A quarta posição em número de salas é da Arcoíris Cinemas, que
apresentou um crescimento de nove salas em relação ao ano passado. Em público,
a terceira posição ficou com a Cinematográfica Araújo, sexto maior exibidor em
número de salas, que terminou o ano com 13 a mais que em 2005. A quinta posição é do
grupo Movicom, que inaugurou 10 salas no ano, acumulando um crescimento de 33
salas nos últimos dois anos.
Multiplex
Para a elaboração do mapa dos multiplex (tabela 4), seguimos o mesmo
critério estabelecido na edição anterior: levamos em consideração os complexos
que tenham quatro salas ou mais – uma mudança em relação às edições mais
antigas, nas quais considerávamos apenas aqueles com mais de seis salas. Essa
nova classificação responde melhor à realidade do mercado brasileiro e atende a
uma reivindicação dos próprios exibidores.
O desenho geral permanece pouco alterado. Desde a chegada dos multiplex
no Brasil, os conjuntos estão concentrados na região Sudeste e especialmente no
estado de São Paulo. No Rio de Janeiro, as poucas inaugurações dos últimos anos
se deram na capital, onde os escassos locais disponíveis para construção são
disputadíssimos.
De todo modo, registramos, nestes últimos dois anos, um salto no número
de complexos, que passou a um total de 130, contra 72 em 2004. Neste novo
quadro, São Paulo continua sendo o estado com maior número de complexos e
salas: 56 e 412, respectivamente. A segunda posição em número de complexos fica
com o estado de Minas Gerais (16), seguido do Rio de Janeiro (14). Em
quantidade de salas de multiplex, porém, o Rio supera Minas: são 102 salas no
primeiro e 95 no segundo.
A rede Cinemark, líder também em multiplex, conta com 38 complexos e 322
salas, enquanto a Cinemas São Luiz conta com 11 complexos e 72 salas. Também
com 11 conjuntos estão a Movicom e a Cinematográfica Araújo. Embora a UCI conte
com apenas seis complexos, ela é a terceira empresa com maior número de salas:
69 no total.
Pela primeira vez, o complexo Iguatemi Salvador (joint venture da UCI com a Orient), de 12 salas, ultrapassou em
público o New York City Center, o maior multiplex do Brasil, da UCI, com 18
salas (tabela 5). Em renda, no entanto, o UCI-NYCC continua na liderança, com
p.m.i. de R$ 10,5, enquanto o complexo Iguatemi Salvador vai para a terceira
posição, com p.m.i. de R$ 8,20, atrás do Metrô Santa Cruz, da Cinemark (p.m.i.
de R$ 9,60).
Em relação à média por sala (tabela 6), a Cinemark fica com quatro das
cinco primeiras posições do ranking
(são 13 entre as 20 primeiras posições). Pela primeira vez, as cinco salas do
Shopping Center Norte, em
São Paulo, ultrapassaram as seis do Botafogo Praia Shopping,
no Rio, em média de público por sala. Na terceira posição aparece o Iguatemi
Salvador, da UCI/Orient; a Cinematográfica Araújo conta com dois complexos entre
os dez primeiros (Shopping Piracicaba e Shopping São José do Rio Preto),
enquanto o Arteplex de Porto Alegre, do grupo Espaço, surge na décima posição.
Salas de
rua e salas de shopping
É importante fazer duas observações a partir do ranking de salas localizadas em shopping
centers (tabela 8). Em primeiro lugar, entre os complexos localizados em shoppings, as salas mais procuradas
encontram-se principalmente na região Sul ou no interior do país – ao contrário
do que acontece com as salas de rua (região Nordeste) e as salas de multiplex
(Rio de Janeiro e São Paulo). A outra observação diz respeito ao preço médio do
ingresso, que, entre as salas de shopping,
mantém-se numa faixa intermediária, inferior ao dos multiplex e superior ao das
salas de rua.
Entre as salas de rua (tabela 9), o Leblon 1 continua ocupando a
liderança do ranking. Em 2005, ele já
havia desbancado o São Luiz de Recife, sala de rua histórica do mesmo grupo
(Empresa Cinemas São Luiz) no Nordeste. As
duas salas do Cine Leblon ocuparam posições de destaque, apresentando também o
maior p.m.i. do ranking. Outra sala
da Zona Sul carioca ficou entre as primeiras colocadas: o Roxy 1, em Copacabana. Vale
notar ainda a presença da sala 1 do Cine Palácio, na Cinelândia carioca, entre
os primeiros colocados, assim como a do Odeon BR, do grupo Estação.
Uma observação: enquanto 22 salas ultrapassaram a marca de 100 mil
espectadores no ano de 2004, e nove repetiram o feito no ano seguinte, este
número caiu para sete em 2006.
Salas de
arte
Em 2006, o circuito de arte do Brasil fechou o ano com 161 salas, contra
157 no ano anterior. As inaugurações não modificaram a disposição geral do
mercado (tabela 10). São Paulo
lidera o ranking com 39 salas,
enquanto o Rio de Janeiro aparece em segundo lugar, com 33. Brasília foi o
território que apresentou maior crescimento, saltando este ano para a terceira
posição, com 24 salas.
Entre os exibidores de arte no Brasil (tabela 11), o grupo Espaço de
Cinema continua liderando o ranking,
fechando 2006 com 58 salas distribuídas por vários estados do Brasil, com
destaque para o novo Espaço Farol de Cinema, em Tubarão, Santa Catarina. Na
segunda posição, o Grupo Estação, que tem salas em Minas Gerais, São
Paulo e, principalmente, no Rio de Janeiro, empatou com a Cinemas Liberdade,
que tem grande parte de suas salas concentrada em Belo Horizonte, mas
inaugurou um complexo de oito no Casa Park, no Distrito Federal.
Vale atentar que, para este levantamento, desconsideramos as salas com
programação outra que não a de arte, mas mantivemos os complexos que contam com
programação mista – como o Unibanco Arteplex, do grupo Espaço, ou o Casa Park,
da Cinemas Liberdade.
Estados e municípios
Entre os dez municípios mais bem colocados em público (tabela 12) e market share (tabela 16), houve uma
série de trocas de posição em relação a 2005. As duas primeiras continuam com
São Paulo (12,5 milhões de espectadores, 16,8% de share) e Rio de Janeiro (8 milhões de espectadores, 10,5%). Belo
Horizonte seguiu em terceiro lugar, enquanto Brasília caiu da quinta para a
sétima colocação. Curitiba e Campinas subiram duas posições: a primeira tomou
de Porto Alegre a quarta posição, enquanto a segunda ficou em quinto lugar.
O ranking de municípios por
número de salas (tabela 13) reflete a força da região Sudeste e particularmente
do estado de São Paulo, que tem aproximadamente 70 municípios entre os 200
maiores do Brasil, enquanto Rio de Janeiro e Minas Gerais têm cerca de 20 cada.
São Paulo fechou o ano com 252 salas, apenas três a mais que em 2005, mantendo
com folga a liderança do ranking. O
Rio de Janeiro perdeu oito salas, mas manteve a segunda posição. Entre os dez
municípios com mais salas, apenas um não é capital: Campinas, 7º lugar no ranking, com 46 salas. Destaque também
para Ribeirão Preto, 12º lugar, com 27 salas.
Desde 2001, os três primeiros lugares do ranking de estados por número de salas (tabela 17) ficam
concentrados no Sudeste, especificamente em São Paulo, Rio de
Janeiro e Minas Gerais. Os dois maiores estados do Sul do país, o Rio Grande do
Sul e o Paraná, ocupam a quarta e a quinta posições do ranking.
Em relação à média de habitantes por sala (tabela 18) e à relação de
ingressos per capita (tabela 19), o
Distrito Federal manteve a liderança. Por ser um “estado” atípico, o DF conta com uma sala para cada 33,6 mil
habitantes e uma relação de 1,1 ingressos per
capita. Essa média se deve também em função do grande poder aquisitivo da
população e por sua bem distribuída oferta de shoppings pela cidade, duas razões que justificam a alta oferta de
salas.
Em segundo lugar na relação habitantes/sala aparece São Paulo, estado
com maior número de salas (728), mas também com um grande número de habitantes.
A média do estado é de 55,5 mil habitantes por sala. Em terceiro lugar está o
Rio de Janeiro, que tem uma média de 63,3 mil hab/sala. Ambos os estados têm
cerca de 0,7 ingressos per capita.
A relação entre o número de salas de cinema e a população total do país
vem melhorando nos últimos anos. Ainda assim, o Brasil continua entre os piores
colocados no mundo nessa relação, com uma quantidade de salas considerada baixa
para uma população de consumidores estimada em 40 milhões de pessoas. O Brasil
tem hoje uma sala para cada 91,9 mil habitantes, e uma proporção de 0,5
ingressos per capita vendidos a cada
ano.
Na análise do market share dos
estados por público (tabela 20) a liderança continua com São Paulo (37,2%),
seguido do Rio de Janeiro (14,8%) e Minas Gerais (7,8%). Os dois primeiros
apresentaram números pouco menores que os dos anos anteriores. Essa diferença
indica que, em um intervalo de três anos, os outros mercados cresceram em
relação ao número geral do país. No entanto, a partir do terceiro colocado, as
fatias são bem menores, o que demonstra que ainda há uma grande concentração no
eixo Rio-São Paulo.
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